Apesar da polêmica que cerca a utilização do amianto -que pode gerar doenças pulmonares-, as vendas do mineral ultrapassaram 140 mil toneladas no primeiro semestre, um crescimento de 40% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram comercializadas 104 mil toneladas. Grande parte do amianto produzido no Brasil, aproximadamente 90%, é utilizado pela indústria de fibrocimento (construção civil) para fabricar telhas e caixas-d’’água.
Segundo empresas do setor, a cadeia do amianto, que envolve a extração do mineral, fabricação e comercialização dos produtos, movimenta R$ 2 bilhões por ano.
A Eternit e a Brasilit, que juntas respondem por 51% do mercado, apresentaram um aumento de 10% e 5% nas vendas do primeiro semestre. Estas empresas atribuem este crescimento ao aumento na renda da população (principalmente a de baixa renda) e a maior acessibilidade ao crédito imobiliário.
A Eternit é líder do mercado de fibrocimento com 29% de participação e controla a Sama Mineradoras Associadas. A mineradora possui a jazida de amianto Cana Brava, em Minaçu (GO). A mina é a única de amianto do País e tem capacidade produtiva de 250 mil toneladas por ano.
De acordo com Élio Martins, presidente da Eternit, este crescimento deve continuar. "Nossa projeção para os próximos três anos é continuar com um crescimento de 8 a 10%. Pretendemos também, dobrar o nosso faturamento em cinco anos com o crescimento do negócio [fibrocimento] e a criação de novos produtos", declarou Martins.
O faturamento anual da Eternit gira em torno de R$ 500 milhões, e a comercialização do amianto pela Sama responde por 50% desse montante.
A empresa pretende produzir cerca de 250 mil toneladas de amianto este ano, exportando mais de 60% desse volume, principalmente para países do sudeste asiático, como Índia, China, Tailândia e Indonésia.
Já a Brasilit deve apresentar um crescimento em torno de 6% este ano. A empresa tem 22% de participação de mercado com faturamento médio de R$ 200 milhões por ano. De acordo com Roberto Luiz Correa Netto, diretor geral da Brasilit, agosto apresentou o maior volume de vendas do ano.
Mudança de rota
Em 2003, a Brasilit, controlada pelo grupo francês Saint Gobain, deixou de produzir com amianto crisotila (utilizado no Brasil), passando a utilizar fio sintético proveniente do polipropileno (resina plástica derivada de petróleo). Para isso, a empresa investiu R$ 120 milhões na adequação do parque fabril e construção de uma planta produtora de fio sintético.
Segundo Roberto Luiz Correa Netto, a empresa acatou uma ordem da matriz, na França. "O uso de amianto na Europa está proibido desde 2005. Seguimos uma determinação da nossa matriz, que notificava, baseado em estudo da Organização Internacional do Trabalho [OIT], que todos os tipos de amianto, inclusive o crisotila, eram nocivos à saúde humana", ressaltou Correa.
Correa afirma que, se a Brasilit não parasse de usar amianto em seu processo produtivo poderia ter suas operações encerradas no País. "Muitas filias que não tinham opção ao amianto, encerraram suas atividades. Esta tecnologia [fio sintético de polipropileno] é 100% brasileira", destacou o diretor.
O executivo afirmou ainda, que as telhas da Brasilit, feitas com polipropileno, são de 10% a 15% mais caras ante as telhas de amianto, porém a qualidade do produto é igual. "Com esta mudança, tivemos uma perda de mercado. Antes disso, a Brasilit era líder", concluiu.
Disputa na Justiça
No dia 20 de agosto, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo concedeu liminar para suspender a vigência da lei que proibia o uso de produtos contendo quaisquer tipos de amianto no Estado de São Paulo. Na ocasião, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) ingressou com uma ação de inconstitucionalidade contra a lei e o uso do produto foi novamente liberado.
O risco do amianto, segundo os que criticam o produto, não está nas telhas das coberturas das casas, mas na extração, transporte e fabricação.
A USP e a Unicamp estão realizando pesquisa nas moradias que têm cobertura de telhas de amianto, e o resultado deve sair no primeiro trimestre de 2008.
Fonte: DCI - 12 SET 07
Segundo empresas do setor, a cadeia do amianto, que envolve a extração do mineral, fabricação e comercialização dos produtos, movimenta R$ 2 bilhões por ano.
A Eternit e a Brasilit, que juntas respondem por 51% do mercado, apresentaram um aumento de 10% e 5% nas vendas do primeiro semestre. Estas empresas atribuem este crescimento ao aumento na renda da população (principalmente a de baixa renda) e a maior acessibilidade ao crédito imobiliário.
A Eternit é líder do mercado de fibrocimento com 29% de participação e controla a Sama Mineradoras Associadas. A mineradora possui a jazida de amianto Cana Brava, em Minaçu (GO). A mina é a única de amianto do País e tem capacidade produtiva de 250 mil toneladas por ano.
De acordo com Élio Martins, presidente da Eternit, este crescimento deve continuar. "Nossa projeção para os próximos três anos é continuar com um crescimento de 8 a 10%. Pretendemos também, dobrar o nosso faturamento em cinco anos com o crescimento do negócio [fibrocimento] e a criação de novos produtos", declarou Martins.
O faturamento anual da Eternit gira em torno de R$ 500 milhões, e a comercialização do amianto pela Sama responde por 50% desse montante.
A empresa pretende produzir cerca de 250 mil toneladas de amianto este ano, exportando mais de 60% desse volume, principalmente para países do sudeste asiático, como Índia, China, Tailândia e Indonésia.
Já a Brasilit deve apresentar um crescimento em torno de 6% este ano. A empresa tem 22% de participação de mercado com faturamento médio de R$ 200 milhões por ano. De acordo com Roberto Luiz Correa Netto, diretor geral da Brasilit, agosto apresentou o maior volume de vendas do ano.
Mudança de rota
Em 2003, a Brasilit, controlada pelo grupo francês Saint Gobain, deixou de produzir com amianto crisotila (utilizado no Brasil), passando a utilizar fio sintético proveniente do polipropileno (resina plástica derivada de petróleo). Para isso, a empresa investiu R$ 120 milhões na adequação do parque fabril e construção de uma planta produtora de fio sintético.
Segundo Roberto Luiz Correa Netto, a empresa acatou uma ordem da matriz, na França. "O uso de amianto na Europa está proibido desde 2005. Seguimos uma determinação da nossa matriz, que notificava, baseado em estudo da Organização Internacional do Trabalho [OIT], que todos os tipos de amianto, inclusive o crisotila, eram nocivos à saúde humana", ressaltou Correa.
Correa afirma que, se a Brasilit não parasse de usar amianto em seu processo produtivo poderia ter suas operações encerradas no País. "Muitas filias que não tinham opção ao amianto, encerraram suas atividades. Esta tecnologia [fio sintético de polipropileno] é 100% brasileira", destacou o diretor.
O executivo afirmou ainda, que as telhas da Brasilit, feitas com polipropileno, são de 10% a 15% mais caras ante as telhas de amianto, porém a qualidade do produto é igual. "Com esta mudança, tivemos uma perda de mercado. Antes disso, a Brasilit era líder", concluiu.
Disputa na Justiça
No dia 20 de agosto, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo concedeu liminar para suspender a vigência da lei que proibia o uso de produtos contendo quaisquer tipos de amianto no Estado de São Paulo. Na ocasião, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) ingressou com uma ação de inconstitucionalidade contra a lei e o uso do produto foi novamente liberado.
O risco do amianto, segundo os que criticam o produto, não está nas telhas das coberturas das casas, mas na extração, transporte e fabricação.
A USP e a Unicamp estão realizando pesquisa nas moradias que têm cobertura de telhas de amianto, e o resultado deve sair no primeiro trimestre de 2008.
Fonte: DCI - 12 SET 07