Segunda, 03 Fevereiro 2025
A Arcelor Mittal Brasil está disposta a ir à Justiça para recuperar o controle da Mina do Andrade, hoje arrendada à Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), localizada na cidade de João Monlevade, na região Central de Minas Gerais. A gigante siderúrgica, inclusive, já comunicou a decisão de retomar o controle ao presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da cidade, José Quirino dos Santos.

No comunicado, a companhia garantiu ainda que o fim do contrato de arrendamento não deverá acarretar em demissões, já que "não é interesse da empresa promover impactos sociais negativos".

A Vale não quer perder o controle da mina, que integra o Complexo Minas Centrais, que conta ainda com as minas de Gongo Soco e Água Limpa, além do complexo Brucutu. Para isso, tenta, até agora na base do diálogo, convencer a siderúrgica, proprietária da mina, de que vem cumprindo o contrato de arrendamento assinado em 2004 com a então Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira (Belgo), que hoje faz parte do grupo Arcelor Mittal. Porém, a própria Vale do Rio Doce também admite que caso o imbróglio não seja contornado "amigavelmente", a disputa deve ir parar na Justiça.

A Arcelor Mittal alega que a brasileira não está cumprindo todas as determinações do contrato de arrendamento, como a expansão da mina.

No dia 29 de junho de 2004, a mineradora brasileira informou ao mercado que havia assumido o controle da Mina do Andrade. No contrato, assinado com a Belgo pelo prazo de 40 anos, a CVRD comprometia-se, entre outras coisas, a ampliar a capacidade de produção da mina e fornecer minério de ferro para a usina da Belgo, também em João Monlevade, por meio do terminal próprio da empresa. Com o arrendamento, a Vale pretendia criar uma fonte adicional de expansão da capacidade de produção de minério de ferro do chamado Sistema Sul, permitindo o atendimento da demanda.

Com o negócio, além de receber parte do minério explorado pela mineradora brasileira, a Arcelor Mittal Brasil também receberia royalties pela produção.

Porém, agora, a Arcelor alega que a Vale não vem cumprindo o contrato, no que diz respeito, principalmente, à ampliação da produção da Mina do Andrade, o que reflete diretamente nos ganhos da empresa com o recebimento dos royalties. Há dois anos, a negociação beneficiou a então Belgo Arcelor com US$ 10 milhões.

A atual produção da mina é de 1,4 milhão de toneladas de minério por ano. Diante do "descumprimento" da cláusula contratual, a Arcelor decidiu retomar o controle da mina.

Representantes das duas empresas tentam chegar a um acordo. A CVRD garante que está cumprindo o acordo e não tem a intenção de deixar o arrendamento da mina. "A Vale vem cumprindo integralmente o contrato. Em função disto, a decisão é pela continuidade das operações da Mina do Andrade", diz a empresa, através de nota.

Por sua vez, a Arcelor defende que a CVRD não está "otimizando" o processo de exploração da mina de forma a garantir sua longevidade. Fontes ligadas ao setor garantem que o imbróglio se deve a mudança do comando da antiga Belgo. Afinal, no curso do contrato assinado com a CVRD houve a aquisição da Arcelor, dona das usinas Belgo, pelo grupo indiano Mittal. O novo controlador, ao contrário do antigo grupo de controle, tem interesse maior na exploração de minério. Prova disso, é que a Mittal disputou agressivamente com a própria CVRD, há poucos meses, o leilão de uma grande mineração indiana, que acabou nas mãos de um terceiro concorrente.

Fonte: DCI - 06 AGO 07
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