O Sindicato dos Policiais Federais (Sindipol) na Bahia deu entrada, na tarde de ontem, com um ofício no Ministério Público Federal pedindo o afastamento imediato do superintendente regional da PF no Estado, César Nunes, e de dois outros delegados da PF que estariam sendo investigados pela própria corporação na Operação Navalha - João Batista Paiva Santana e Rubem Patury. O sindicato sugere, no ofício, que o governador Jaques Wagner (PT) afaste o secretário da Segurança Pública do Estado, Paulo Bezerra, que era o superintendente da PF na Bahia até o ano passado.
“Há indícios, apontados pela Divisão de Contra-Inteligência da PF, que os envolve em um esquema de vazamento de informações, que acabou atrasando e atrapalhando as investigações da Operação Navalha”, diz o presidente do sindicato, João Carlos Sobral. “Nada mais justo que, enquanto eles estiverem sendo investigados, sejam afastados de suas funções.”
Segundo Sobral, o relatório da contra-inteligência informa que Nunes e Bezerra souberam que eram alvo de investigação do vice-diretor da instituição, Zulmar Pimentel, e do juiz da 2ª Vara Federal da Bahia, Durval Carneiro Neto. Ele sugere, também, que os acusados teriam repassado informações vazadas a outros investigados. “São acusações graves, que precisam ser investigadas a fundo.”
O secretário da Segurança Pública admitiu ter ficado sabendo da investigação sobre o seu trabalho, mas só depois da conclusão. “Em outubro, o diretor-geral da PF, Paulo Fernando Lacerda, e o diretor de Inteligência da PF, Renato Porciúncula, me contaram que fui investigado, durante quatro meses, em uma operação de monitoramento da PF”, relatou. “Eles apontaram que meu comportamento foi irrepreensível.”
Bezerra rechaçou a idéia de pedir afastamento do cargo. “Rasgo minha carteira de delegado, meu diploma de bacharel de direito e meu diploma de delegado da Polícia Federal se houver qualquer prova ou indício contra mim”, reforçou.
Nunes também confirmou ter sido investigado e se disse indignado com as denúncias de que teria participado do esquema de vazamento. “A acusação é falaciosa - vou adotar as medidas judiciais contra quem está querendo denegrir minha imagem”, ameaça. Ele também não admite deixar o cargo.
Fonte: O Estado de S.Paulo - 23 MAI 07