Quarta, 05 Fevereiro 2025

Postos chaves darão acesso a orçamentos bilionários na CEF, BB, Petrobras, Eletrobras e BNDES. Já na primeira semana de articulações sobre a distribuição de cargos no segundo escalão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu conduzir pessoalmente a negociação sobre os principais postos em cinco estatais. BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Eletrobrás e Petrobras formam hoje uma espécie de cota presidencial, separada dos cargos cuja distribuição está sob a responsabilidade dos ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, da Coordenação Política, Walfrido Mares Guia, e da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci.

Trata-se de uma estratégia do presidente para evitar que a acirrada batalha entre aliados contamine as empresas, consideradas essenciais por Lula no gerenciamento do principal eixo de planejamento do segundo mandato - o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). As estatais formam o núcleo de uma dura contenda entre PMDB e PT, nos bastidores da coalizão governista.

Unido - ao menos na fotografia - pela primeira vez em 20 anos, o PMDB se apresentou ao presidente Lula na noite de quarta-feira como uma confirmação do título de maior partido da base aliada. E quer uma fatia proporcional a seu novo peso no segundo escalão. Isso significa, para o governo, a necessidade de criar espaços para acomodar indicações da neo-governista bancada do PMDB na Câmara. E, para o PT, maior pressão sobre os postos que ocupa hoje em agências, estatais, secretarias e superintendências.

"O Senado possui, hoje, 20 cargos de peso no segundo escalão. A Câmara deve ter uma participação semelhante no governo para haver equilíbrio interno no PMDB", defende o deputado Eliseu Padilha (RS). No entendimento geral da coalizão, tal "equilíbrio" só poderá ser obtido com a entrada do PMDB na fatia petista do segundo escalão.

A primeira incursão do partido em território do PT deve acontecer na Petrobras, onde a Diretoria de Exploração é o alvo de cobiça da maior legenda aliada. O cargo, dono de orçamento de R$ 28 bilhões em 2007, será pleiteado pela bancada da Câmara, que pretende indicar o ex-deputado Moreira Franco, que também é candidato à BR Distribuidora.

Responsável pela área logística da Petrobras, a empresa, dona de orçamento de quase R$ 800 milhões, é a menina dos olhos do presidente do PMDB, Michel Temer. Missão árdua. O PT tem seu próprio candidato ao cargo - o ex-senador José Eduardo Dutra. E a presidência da BR Distribuidora é hoje ocupada por Maria das Graças Foster, indicação da toda-poderosa Dilma Rousseff. A presidência do Banco do Nordeste e a diretoria-geral do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) são outros feudos petistas sob ataque do PMDB da Câmara, liderado pelo ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima. Juntos, os dois cargos possuem orçamento de R$ 291 milhões para este ano.

Mas o PMDB ainda tem muitas arestas internas a aparar, antes de apresentar sua lista de demandas ao Planalto. A presidência da Funasa é um dos focos de atrito entre as bancadas da sigla na Câmara e no Senado. O deputado Jader Barbalho (PA) quer emplacar seu primo, o ex-deputado José Priante. A Câmara resiste porque, na complexa contabilidade do PMDB, os apadrinhados de Jader entram na cota do Senado. Os deputados rejeitam Priante, e se darão por satisfeitos se o presidente interino, Danilo Forte, for mantido.

Longe do zelo presidencial, a rica área de tecnologia do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal é outro ponto de tensão entre PT e PMDB. O caixa das duas gerências dá a dimensão da batalha. O BB prevê investimentos de R$ 1,5 bilhões em 2007. Na CEF, o montante previsto é de R$ 1 bilhão. O PT está no controle da área de tecnologia dos dois bancos estatais e o PMDB deve apontar seus candidatos aos cargos esta semana, para o ministro Walfrido Mares Guia. Ao menos no que diz respeito à Caixa Econômica, a empreitada será difícil.

Fonte: Gazeta Mercantil - 16 ABR 07

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