A camisa de poliéster ou a garrafa de refrigerante são exemplos de produtos do dia-a-dia que estão na ponta da cadeia de indústrias que estão chegando a Pernambuco. Hoje pela manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará da inauguração, em Suape, da fábrica de resina PET da italiana Mossi & Ghisolfi (M&G), além do início da construção da Companhia Têxtil de Pernambuco (Citepe), que produzirá fios de poliéster (veja como funcionará a cadeia petroquímica na arte abaixo). Lula ainda vai conferir a assinatura do contrato de tecnologia da futura fábrica de ácido tereftálico purificado (PTA) e de memorandos para a construção da Refinaria Abreu e Lima.
Os empreendimentos da M&G e da Citepe, considerados estruturadores para Pernambuco, foram motivo de disputa política no Estado. Em 2005, o então ministro da Saúde, Humberto Costa, apressou-se em anunciar as fábricas antes de Jarbas Vasconcelos – governador na época. Agora, o governador Eduardo Campos participa do descerramento da placa da M&G, negociada e quase inaugurada na gestão Jarbas/Mendonça Filho.
A expectativa era que a unidade começasse a operar em setembro de 2006, mas foi adiada por conta de atrasos no cronograma.
Com as fábricas de resina PET e fios de poliéster, Pernambuco caminha para consolidar a implantação de um pólo têxtil integrado e da extensa cadeia do poliéster. Tudo começa no petróleo, que através do seu refino, gera tanto combustíveis como petroquímicos com diversas finalidades. Um de seus derivados, o paraxileno (PX), é utilizado na fabricação do PTA, a matéria-prima que será produzida pela Petroquímica Suape. O PTA é feito do paraxileno e usa o ácido acético como solvente. Aí entra o primeiro grande investimento, de R$ 800 milhões, que será feito em conjunto entre a Petroquisa (50%) e Citene (50%), na Petroquímica Suape. A Citepe é a união da Citene e Petroquisa.
O PX será importado até 2013. Deverá vir do Rio de Janeiro, onde a Petrobras construirá uma nova refinaria específica para a produção de petroquímicos. O PTA é usado tanto para fazer a resina PET quanto o fio de poliéster. Este tipo de fio será feito no Estado através da Citepe. A produção se dará em três etapas. A primeira será a polimerização: transformar o PTA em um polímero. Em seguida a pasta de polímero é transformado em fios. A última etapa é a texturização, quando o fio é trabalhado para diversas aplicações.
A fábrica da Citepe começará pela última etapa, a texturização, e começará a trabalhar já no próximo ano. A produção se inicia comprando o fio de poliéster até que o restante da planta fique pronta, o que está previsto para acontecer a partir do final de 2008. O investimento total também é de R$ 800 milhões com a geração de 1.500 empregos. O fio texturizado é vendido para tecelagens e malharias, que em seguida é utilizado pelas confecções. É a ponta da cadeia, mais intensiva na geração de empregos.
Hoje, a existência de malharias, tecelagens e confecções nacionais estão em risco por causa do alto preço da matéria-prima e da menor competitividade local. A Citepe diz que está investindo em equipamentos modernos. “São máquinas tão boas que os fornecedores não vendem para a China, com medo de serem copiadas”, explica o gerente jurídico da Citepe, Marcos Herszkowicz. Já o presidente do Sindicato da Indústria Têxtil de Pernambuco, Oscar Rache, é cético. “O governo para estimular o renascimento da indústria têxtil aqui deveria baixar o ICMS interno de 17% para 7% e estimular as exportações, pagando os créditos da Lei Kandir”.”
Do PET da M&G são geradas as garrafas bem conhecidas do público. Do fio de poliéster, as camisas que não amassam e apresentam um crescente consumo mundial. E Pernambuco entrará nesta cadeia com investimentos de porte mundial, visando tanto o mercado interno quanto externo.
Fonte: Jornal do Commercio - 28 FEV 07