Quarta, 05 Fevereiro 2025

Menos de dois meses após fechar a compra da canadense Inco por quase US$ 18 bilhões (o negócio foi definitivamente aprovado em 3 de janeiro), a Companhia Vale do Rio Doce surpreendeu o mercado financeiro ontem ao anunciar uma nova aquisição. Desta vez, o alvo foi a AMCI Holdings Australia Pty, grupo que explora carvão na Austrália por meio de participações em sociedades. Para fechar o negócio, a mineradora brasileira irá desembolsar cerca de US$ 650 milhões de seu caixa.

Apesar da surpresa com o apetite da Vale, analistas de mercado avaliam que a operação está em linha com a estratégia da mineradora de se fortalecer na produção de carvão. Ontem, o diretor de Planejamento e Gestão da empresa, Gabriel Stoliar, afirmou que a intenção é chegar a 2010 entre as dez maiores produtoras de carvão do mundo, e já caminhando para ocupar os cinco primeiros lugares no ranking.

Com a compra da AMCI, a Vale prevê atingir produção de 30 milhões de toneladas de carvão em 2010, o triplo do previsto para este ano. A estimativa leva em conta, além dos 8 milhões de toneladas da AMCI, os 12 milhões de toneladas a serem produzidos pela mina de Moatize, em Moçambique, os 8 milhões do projeto de Belvedere, também na Austrália, e os investimentos em carvão na China (2,5 milhões de toneladas).

Stoliar lembrou que a produção de carvão tem grandes sinergias com o minério de ferro, principal atividade da Vale. Os clientes são as mesmas siderúrgicas com as quais a empresa já negocia. Já o diretor de Desenvolvimentos de Novos Negócios da Vale, Pedro Rodrigues, disse que os principais clientes do carvão da AMCI estão em países asiáticos, especialmente Coréia, Japão e Índia. Segundo os executivos, a companhia tem uma grande produção de carvão metalúrgico (80% do total), que é o tipo mais raro.

O mercado mundial de carvão movimenta 5 bilhões de toneladas por ano, e apenas 750 milhões são de carvão metalúrgico, voltado para a produção de coque. O restante é de carvão térmico, combustível para usinas termelétricas. “Compramos as duas melhores bacias de carvão do mundo”, afirmou Rodrigues. Além dos ativos da AMCI, a Vale adquiriu ainda 30 direitos minerários, com potencial de reserva para 3 bilhões de toneladas.

Os analistas financeiros não se mostraram preocupados com o desembolso da Vale pela empresa australiana. Segundo Rodrigo Ferraz, da Brascan Corretora, os cerca de US$ 650 milhões representam 3% do endividamento total da companhia, de US$ 25 bilhões. Stoliar concorda. Segundo ele, a operação não deve alterar a avaliação da mineradora pelas agências de rating.

“A Vale é conservadora em sua decisão de investimento e na movimentação do fluxo de caixa”, afirmou. “Não esperamos mudanças (no rating) por causa de uma compra de cerca US$ 650 milhões.”

Fonte: O Estado de S.Paulo - 27 FEV 07

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