Sexta, 22 Novembro 2024

Os experimentos desenvolvidos e os resultados que o Brasil vem obtendo na implantação de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) foram um dos destaques do “Congresso Mundial sobre Sistemas de Integração lavoura-pecuária-floresta”, que terminou no dia 17 último, em Brasília. O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), que contou com um estande sobre o Projeto ABC Cerrado no evento, foi representado por um grupo de técnicos de várias regionais nas atividades, que começaram no dia 13 de julho.

O congresso promovido pela Embrapa reuniu pesquisadores internacionais, universidades e produtores rurais - representantes de 30 países – para  debater e trocar experiências sobre o tema. Na opinião do coordenador técnico do Projeto ABC Cerrado, Igor Orígenes Moreira Borges, a participação no evento vai proporcionar uma carga de conhecimento muito grande para os técnicos do SENAR, principalmente no que diz respeito ao que vem sendo realizado de novo pelas instituições de pesquisa, tanto no Brasil quanto em nível internacional.

“Os temas debatidos vem ao encontro do Projeto ABC Cerrado, que é difundir as tecnologias pesquisadas dentro de uma lógica de produção sustentável. Podemos perceber que estamos bem alinhados, mas essa interação com os profissionais que trabalham na área vai trazer novas informações e permitir ajustes nas nossas iniciativas”, ressalta Borges.

Para o participante Dacio Carvalho, que é coordenador de Assistência Técnica do SENAR no Pará e multiplicador do Projeto Capacita ABC, o congresso mostrou que o Brasil está preparado e avançando mais rápido na tecnologia do que a maioria dos países. Ele destaca que o evento, no momento em que fomenta a ILPF, colabora paralelamente para a divulgação do Plano ABC e do Projeto ABC Cerrado.

“Pudemos assistir experiências da China, Noruega, Reino Unido e Oceania e estamos na frente de todos nas linhas que o Plano ABC propõe. O pessoal que veio aqui levará a mensagem que o Brasil consegue produzir gado sem agredir o meio ambiente”, declara.

Exemplo internacional
O diretor executivo da Rede de Fomento ILPF, William Marchió, acredita que o evento foi um marco referencial da importância do Brasil em trabalhos de agropecuária intensiva sustentável. Segundo ele, o volume de pesquisas apresentadas consolidam conceitos e comprovam a viabilidade técnica, econômica e ambiental da ILPF, sinalizando que o País pode avançar sem medo no uso da tecnologia.

“Os representantes internacionais ficaram encantados. Não sabiam da dimensão que isso tinha no Brasil. A nossa intenção é interagir com todos os atores envolvidos, como SENAR, Embrapa e Ministério da Agricultura. Queremos todos surfando na mesma onda. O objetivo da Rede é fortalecer a difusão e a adoção da ILPF por parte dos produtores brasileiros”.

Roberto Giolo, pesquisador de Sistemas Integrados de Produção da Embrapa Gado de Corte e líder da Rede Pecus (que avalia a emissão de gases de efeito estufa na agropecuária) no bioma Cerrado, aponta a possibilidade de mostrar os trabalhos realizados pelos especialistas brasileiros e a interação com a comunidade científica internacional como os principais pontos positivos. Giolo salienta que a ILPF, além de reduzir a emissão de carbono, proporciona eficiência no uso da terra, e reforça a declaração feita durante uma das palestras do evento: trata-se da segunda revolução verde, depois do Plantio Direto.

“Mas não é uma tecnologia indicada para qualquer produtor. É um sistema complexo e que precisa de acompanhamento. Nesse contexto, o Projeto ABC Cerrado vem num momento muito oportuno, pois a assistência técnica é o diferencial. A Embrapa desenvolve pesquisas, mas precisamos fazer essa transferência para os produtores rurais”, observa.

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