Sábado, 23 Novembro 2024

Após recente investigação do Greenpeace, que instalou rastreadores em caminhões para monitorar a rotina de carregamento e transporte de madeira ilegal no Pará, as empresas holandesas Stiho e LTL Woodproucts anunciaram a suspensão da compra de madeira da Rainbow Trading. Na França, a companhia Rougier Sylvaco também confirmou que está suspendendo a comercialização com a Rainbow Trading enquanto essa está sob investigação. Na Suécia a empresa "Interwood”, importadora que negocia madeira com o Brasil, declarou que nao vai mais comprar madeira da Rainbow e que vai suspender a importação de Ipê da Amazônia, já que não consegue verificar a legalidade do produto.

 

 

A Rainbow Trading teve seis containers bloqueados pelas autoridades belgas. Sua madeira está impedida de entrar no mercado até que as autoridades competentes investiguem a fundo esses carregamentos. As empresas que compraram madeira das serrarias denunciadas deverão responder de acordo com a EUTR (European Union Timber Regulation), legislação que proíbe a importação de madeira ilegal para o mercado europeu e obriga as empresas a se prevenirem quanto ao risco de importar essa madeira.

O Greenpeace tem pressionado as autoridades europeias para que apliquem a EUTR e já havia alertado as empresas sobre os riscos de ilegalidade da madeira da Rainbow, antes da chegada de três carregamentos entregues na Bélgica no início de outubro e novembro.

A Rainbow Trading acumula quase meio milhão de reais em multas junto aos órgãos ambientais. Durante operação deflagrada pela Sema (Secretaria do Meio Ambiente do Pará) no início de novembro, em decorrência das denúncias do Greenpeace, a empresa recebeu mais quatro multas: duas por vender centenas de metros cúbicos de madeira ilegal, uma por lavar madeira, ou seja, vender madeira com créditos falsos ou fraudulentos, e outra por inserir informação falsa no sistema eletrônico de controle de produtos florestais do Pará – o Sisflora.

Além disso, a Rainbow recebeu madeira contaminada da serraria Odani, que também foi flagrada receptando o produto ilegal. Esta última também foi fiscalizada e multada pela Sema, tornando evidente que essas serrarias operam com irregularidades e não conseguem atestar, de fato, a origem legal da madeira que comercializam.

Enquanto a Sema fiscaliza as empresas denunciadas e as áreas que fornecem madeira para elas, o governo federal ainda não visitou as áreas da União onde ocorreu a extração ilegal denunciadas no relatório. Para o Greenpeace isto pode dificultar a conclusão das investigações do governo estadual. 

As empreas também estão bloqueadas no sistema eletrônico DOF (Documento de Origem Florestal)  Isso significa que estão impossibilitadas de realizar qualquer tipo de transação comercial de madeira, pelo menos até que as investigações sejam finalizadas.

No dia 28 de novembro, o Ministério Público Federal do Pará, o Ibama, a Sema, a associação dos engenheiros florestais do Pará (APEF) e representantes do setor produtivo confirmaram os graves  problemas revelados na operação e firmaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para  a melhoria da atividade madeireira no estado.

Menos 5 milhões de árvores em cinco anos

Embora inclua medidas positivas, para a organização Greenpeace o termo não resolve a maioria dos problemas apontados no monitoramento feito pelos rastreadores. Segundo a organização, no Brasil, entre 2007 e 2012, foram exploradas ilegalmente áreas equivalentes a 700 mil campos de futebol, o equivalente a 5 milhões de árvores ou 950 mil caminhões de toras. Confira o monitoramento no site www.chegademadeirailegal.org.br.

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