Durante duas últimas semanas, 12 catadores de material reciclável participaram da segunda etapa do curso na Escola Politécnica (Poli) da USP onde aprenderam a consertar computadores. Com o conhecimento adquirido no curso, os catadores poderão replicar e compartilhar as técnicas com os outros cooperados.
Os catadores recebem muito material de descarte de computadores e outros equipamentos nas cooperativas em que trabalha. A ideia é que, ao receberem uma máquina, o trabalhador esteja apto a testar o aparelho e, se for possível, realizar o conserto necessário para posterior comercialização.
A iniciativa faz parte da segunda etapa do Projeto Eco-eletro, idealizado pelo Laboratório de Sustentabilidade (LASSU) da Poli e pelo Instituto GEA Ética e Meio Ambiente. Na primeira etapa, em 2012, cerca de 180 catadores de diversas cooperativas aprenderam a desmontar os computadores, separar as peças e as placas, levando a um aumento do valor agregado na venda.
Valor agregado
Com o conhecimento adquirido nos curso, os catadores poderão replicar e compartilhar as técnicas com os outros cooperados.
Nesta nova etapa, os alunos que tiveram um melhor desempenho no projeto anterior vão aprender o processo de remanufatura.
“Se um computador for vendido inteiro, como sucata de ferro, o catador terá um lucro de R$0,30 por quilo. Ao desmontar o equipamento e separar as peças e as placas, o ganho sobe para R$3,00 o quilo. Agora se o catador consertar o computador que foi doado para a cooperativa e remanufaturá-lo, o ganho é de R$40,00 por quilo”, explica o pesquisador do LASSU e professor do curso, Walter Akio Goya.
Para chegar a este valor, Goya conta que os pesquisadores do Lassu e do Instituto GEA fizeram o seguinte cálculo: um computador usado, funcionando, é comercializado, em média, por R$200,00. Esse valor foi dividido pelo peso aproximado do equipamento (5 quilos), chegando ao valor de R$40,00. “Utilizamos esta métrica para demonstrar a evolução do valor agregado de cada material”, conta.
Iniciativa preserva ambiente
Além de aumentar a renda de catadores, o projeto também ajuda na conservação do meio ambiente: computadores e outros equipamentos eletrônicos contêm substâncias que podem contaminar as pessoas, os animais e a natureza, como metais pesados (chumbo, cádmio e mercúrio) e outros elementos tóxicos. Por isso, o descarte nunca deve ser feito no lixo comum.