Foto: Gabriela Nehring
O cineasta carioca Silvio Tendler lançou recentemente o documentário “O veneno está na mesa”, uma denúncia sobre a gravidade do uso de agrotóxicos nas lavouras brasileiras, colocando o País como o maior consumidor do mundo. Tendler entrevistou estudiosos, pesquisadores e ativistas que evidenciam os anos de intimidade do estado com a indústria de agrotóxicos no Brasil.
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O cineasta já filmou cerca de 40 curtas, médias e longas-metragens. Seus filmes-documentários são marcados pela denúncia da realidade e resgate da memória do País. Entre seus documentários estão Utopia e Barbárie (2009), Memórias do Movimento Estudantil (2007), Encontro com Milton Santos (2006), Glauber o Filme (2003), JK (2002), Marighella (2001), Quilombos (1996), Josué de Castro (1994) e Jango (1984). Seu trabalho é uma referência para universidades, escolas e movimentos sociais.
Acompanhe, a seguir, a entrevista concedida pelo cineasta ao Portogente.
Portogente – Por que fazer um documentário sobre agrotóxicos?
Sílvio Tendler – Difícil viver indiferente aos males que nos afligem. A terra está sendo destruída e junto com ela seus habitantes. Se falamos em salvar o Planeta devemos ser consequentes e atacar os males pela raiz. E a indústria do veneno é inimiga de todos os seres vivos.
Portogente – Como surgiu a ideia?
Em um jantar em Montevidéu há uns dois anos com Eduardo Galeano [escritor uruguaio], quando ele me advertiu que o Brasil era o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, aí pensei que alguma coisa deveria ser feita. Falei com o [João Pedro] Stédile [do Movimento dos Trabalhadores sem Terra]. Paralelamente um grupo grande de entidades sérias e respeitáveis resolveu levantar essa bandeira. Juntamos a fome com a vontade de não comer veneno e nasceu este filme.
Portogente – Qual a mensagem do filme?
A possibilidade de uma produção de alimentação sadia, numa terra fraterna e solidária. A luta contra o agrotóxico é um projeto político que interessa a todos os que querem viver e construir um mundo melhor.
Portogente – Como o senhor vê a questão desenvolvimento e preservação da natureza?
O desenvolvimento não é inimigo da natureza, a voracidade da ganância sim.
Portogente – Qual sua opinião sobre o novo Código Florestal?
Estou do lado do bem e, claro, me oponho ao novo Código Florestal.
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