A safra agrícola recorde vem para as estradas e o maior porto escoador de grãos do Brasil não está totalmente pronto para recebê-la. Nessa área portuária há dois cenários, em terra sobeja capacidade de movimentação, mas no mar não tem profundidade para receber grandes graneleiros. Estava escrito nas estrelas do mar que chegam à praia que a dragagem do canal do Porto de Santos sofria de muitos problemas. A verdade, infelizmente – como Portogente divulgou em primeira mão no dia 22 último –, chega justamente num momento em que o campo brasileiro precisa de um complexo portuário forte, eficiente e eficaz. Ao invés de uma profundidade de -15 metros, o maior porto brasileiro caiu para -12,3 metros (antes de começar a dragagem eram -13 metros de profundidade). E só para lembrar, porto não é local de armazenagem de carga, mas apenas e tão somente de passagem!
No Brasil, ainda vale o ditado popular “a corda arrebenta para o lado mais fraco”. Exemplos não faltam, mas vamos ficar com casos mais recentes denunciados pelo Portogente, como as consequências para o meio ambiente e para comunidades inteiras com o processo de expansão do Complexo Industrial e Portuário de Suape, em Pernambuco. O mesmo se dá com o Porto Sul, em Ilhéus, na Bahia. A Comissão Pastoral da Terra (CPT), regional daquele estado, visitou as comunidades atingidas por mais esse empreendimento e fez um relato impressionante.
A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) saiu otimista de reunião com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Antônio Andrade, na última terça-feira (21/01), em Brasília. Este se comprometeu a encaminhar solução para os problemas decorrentes da falta de fiscais nos portos catarinenses. Segundo os empresários do estado, a situação tem gerado atrasos no desembaraço aduaneiro e prejudicado empresas que dependem de matérias-primas que chegam pelos terminais do Estado. O ministro assegurou que vai resolver o problema.
Em 2010, o ex-senador Demóstenes Torres – político do DEM do Estado de Goiás, acusado de participação em esquemas criminosos do bicheiro Carlinhos Cachoeira , curiosamente foi “acometido” de uma grande preocupação com assuntos portuários e marítimos. Tanto era seu “interesse” que decidiu começar desmantelando um serviço de excelência realizado nos mares brasileiros, praticagem, e apresentou o Projeto de Lei do Senado 117/2010. Na justificativa do seu projeto, uma outra curiosidade (aqui sem mera coincidência), é mencionado, textualmente, um trabalho do Centro de Estudos em Gestão Naval (CEGN): “Estudo realizado em 2008 pelo Centro de Estudos em Gestão Naval....concluiu que no Porto de Santos, por exemplo, os custos de praticagem poderiam ser reduzidos em até 54%.” Demóstenes seria logo depois, em 2012, cassado por falta de decoro parlamentar.
2014 começou com revolta nos mares capixabas. Os portuários da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) ameaçam entrar em greve nos próximos dias 24 e 30. A categoria se levanta contra impasse com a empresa em relação a vários itens, entre eles, plano de saúde, plano de cargos, carreiras e salários (PCCS), regulamentação da Guarda Portuária e também pela salvação do instituto de previdência dos portuários, o Portus.