A recente mudança no comando da Secretaria de Portos (SEP), provocada por rearranjos político-partidários, preocupa o empresário Milton Lourenço, presidente da Fiorde Logística Internacional, no que se refere, especificamente, ao projeto Santos 17, que prevê o aprofundamento do acesso aquaviário do porto dos atuais 15 metros para 17 metros. Segundo ele, empresários estabelecidos em Santos (SP) pretendem firmar uma parceria com a pasta para financiar os estudos necessários sobre o aprofundamento do canal de navegação. "Fazer essa dragagem o quanto antes é fundamental para que Santos possa se consolidar como o hub port (porto concentrador de cargas) do continente."
O receio do presidente da Fiorde é que esse aprofundamento deve vir acompanhado de uma boa e grande reformulação logística no entorno do maior porto do País. No entanto, observa, "com os cofres públicos vazios, a remodelação da entrada da cidade suspensa, as obras das avenidas perimetrais em ritmo lento e projetos, como o do Mergulhão e o do túnel submerso Santos-Guarujá, engavetados, pensar em aumentar a capacidade de movimentação do porto, à luz da razão, equivale a apostar no caos logístico".
Atualmente, o porto santista movimenta 3,3 milhões de carretas por ano e que, com 17 metros de profundidade, passaria a movimentar mais de 10 milhões. "Se a infraestrutura rodoviária já é insuficiente para evitar congestionamentos nas rodovias e vias de acesso aos cais, está claro que, para atender a esse aumento, será necessário quadruplicá-la, além de expandir o modal ferroviário, que hoje movimenta 30 milhões de toneladas."
O projeto Santos 17 quer atrair ao porto santista navios de maiores dimensões, como os de 14 mil TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 17 pés). Atualmente, Santos recebe porta-contêineres capazes de transportar 10 mil TEUs.