Há exatamente cinco anos, o ex-ministro Pedro Brito anunciava o início da dragagem no Porto de Santos (SP) para implantar uma profundidade de 17 metros para a navegação. No entanto, esforços hercúleos pela Ssecretaria de Portos (SEP) têm sido insuficientes para conseguir que navios com calado de 13,5 entrem no complexo portuário santista, limitado aos 13,2 metros.
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Esse desencontro de realidades também alimenta impulsos oportunistas e ameaçadores, focados na verdade de que a infraestrutura é um fator limitante para os negócios do porto, sem preocupação de buscar a melhor saída para o problema. É sobejamente público que acrescentar eficiência técnica ao processo portuário potencializa o comércio e os ganhos.
Por isso, a iniciativa de um grupo de empresários de terminais do Porto, acompanhado pelo prefeito de Santos, de procurar, nesta terça-feira (31/3), o ministro Edinho Araújo (PMDB) e sugerir uma parceria com o Governo Federal, para viabilizar a dragagem para 17 metros, aparenta pouca ou nenhuma eficácia. O ministro fez gol de placa ao propor que o grupo espere a audiência pública no próximo dia 9.
Está em curso a discussão da concessão do canal de acesso aos portos, uma inovação dos serviços de manutenção de uma fundamental infraestrutura portuária. Seria impróprio desviar desse rumo para focar em uma proposta de apelo, no caso do Porto de Santos, até questionável sob alguns aspectos.
Por conta de suas particularidades geográficas e geometria do canal de acesso, implantar uma navegação com 17 metros de calado demanda solução que evite as curvas de raio curto existentes no canal do porto. É uma discussão antiga implantar um terminal offshore, sem limites de profundidade para a navegação e com característica de porto concentrador (hub).
Essa reunião festiva de empresários do Porto de Santos com o ministro da SEP é dissonante com o avançado projeto da SEP de promover a concessão do canal de acesso aos portos. Portanto, convém cuidar para que ações inoportunas não venham atrapalhar a solução em curso para garantir as profundidades de projeto dos portos brasileiros. Em especial, no Porto de Santos.