Depois da Volkswagen, de São Bernardo do Campo (SP), mais uma ameaça de demissão em massa está em curso. No caso da montadora paulista o final foi feliz com o cancelamento das 800 dispensas. Agora, o problema acontece em cidade do Rio Grande do Sul, Alegrete, onde se localiza o frigorífico Marfrig. Como medida preventiva, a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins) protocolou, no dia 16 último, ofícios no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e nos Ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em repúdio a ameaça de demissão de cerca de 600 trabalhadores do frigorífico. A entidade, que representa 440 mil trabalhadores do setor no Brasil e cerca de 54 mil só no Estado do Rio Grande do Sul, pede a intervenção do governo para reverter a situação.
Para o presidente da CNTA Afins, Artur Bueno de Camargo, a justificativa de "falta de matéria-prima e necessidade de alto investimento em melhorias estruturais" por parte da Marfrig deve preocupar não só os trabalhadores, mas também governo e sociedade, já que a indústria (uma das principais do País) conta com incentivos e empréstimos públicos como o do BNDES.
"O dinheiro público foi investido nessa indústria e o mínimo que deveríamos cobrar em troca é a contrapartida social por parte da empresa. Não aceitamos essas demissões e nem como isso foi decidido e anunciado (durante férias coletivas), sem negociar com os trabalhadores e o sindicato local”, adverte Camargo.