A indústria de aviação e o agronegócio unem-se no mercado globalizado. A Embraer (empresa privada) vendeu, em 2016, três unidades do avião Ipanema, desenvolvido especialmente para fins agrícolas. Para este ano, a companhia prevê a venda de 15 a 20 aviões.
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Líder no mercado de aviação agrícola no Brasil, as principais culturas nas quais o Ipanema opera são algodão, arroz, cana-de-açúcar, citrus, eucalipto, milho, soja e café.
A utilização de aviões tem aumentado com a necessidade dos fazendeiros deslocarem-se com rapidez entre suas diferentes propriedades e aos centros relacionados à cadeia econômica agrícola.
Além disso, com as técnicas de cultivo adotadas pelo agronegócio, as aeronaves se tornaram essenciais na pulverização de pesticidas agrícolas. O engenheiro aeronáutico formado pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), Shailon Ian, explica que uma operação rotineira com uma Ipanema envolve o transporte de mais de 80 litros de produtos químicos.
Há, porém, o lado contraditório do desenvolvimento desse segmento da aviação. O Brasil tornou-se o país que mais utiliza agrotóxicos no mundo. Baseado em dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), o documentário “O veneno está na mesa”, dirigido por Silvio Tendler - lançado em 2011 com continuação em 2014 - revelava, já naquela época, que o crescimento dos chamados “defensores agrícolas” faziam 28% dos alimentos oferecidos à população brasileira serem nocivos para consumo.