Desde agosto último, quando começou a operar contêineres no Porto de Santos, o empreendimento da Brasil Terminal Portuário (BTP) tomou, surpreendentemente, a pole-position da Santos Brasil, o maior terminal de contêineres da América do Sul. Tal feito foi alcançado mesmo a empresa ter condições inferiores de operação, por causa da profundidade do seu cais (13m) que ainda não alcançou a dos demais terminais (13,20m). A Autoridade Portuária está prevendo até fevereiro de 2015 estabelecer a profundidade de 13,50m para todos os terminais, para permitir maior quantidade movimentada de mercadorias por navios de maior porte.
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Sob a ótica do porto, com a verticalização da sua atividade vinculada aos dois maiores armadores mundiais, MSC e Maersk, a BTP estabelece um diferencial operacional para atender às demandas atrativas do comércio da hinterlândia, e se constitui em um terminal dedicado. Não é pouca coisa, quando se projeta um cenário concorrencial com os outros dois grandes terminais do mesmo estuário: Santos-Brasil e Embraport.
Sob a ótica da navegação, o seu terminal dedicado faz parte da cadeia produtiva dos dois armadores e, como tal, podem ser incluídos nos custos internos, para otimizar os custos da cadeia de suprimento por meio da economia de escala. Além disso, esse tipo de estrutura permite integração dos fluxos de informação, necessária para garantir com agilidade espaço suficiente no pátio, um modelo de network eficiente e cálculo de custo integrado.
Operacionalmente, a BTP, com sua entrada exitosa, anuncia um novo panorama ao estuário do Porto de Santos, ampliando o espaço para a carga e modernizando a tecnologia da movimentação de carga e da informação. Integração horizontal é outro raciocínio conveniente quando se fala em realizar economia em escala e ampliar o negócio portuário. Nesse contexto, fica a pergunta: como a cabotagem pode garantir aos terminais os mesmos ganhos da movimentação de cargas do comércio exterior? Tal assunto será tema de um próximo e necessário debate.
Entretanto, e apesar de logisticamente posicionada junto aos acessos terrestre à hinterlândia, a BTP não oferece ainda máxima eficiência logística, por falta das ligações adequadas e possíveis às rodovias e ferrovias. Não menos importante é a sua interface porto-cidade, fundamentada no princípio de querer crescer em Santos, como diz um dos seus lemas. Nesse contexto é primordial assegurar que o impacto à mobilidade urbana da cidade tenha tolerância zero.