O Brasil vive momento depressivos e de tensões várias, algumas delas reais e tantas outras imaginárias. Recentemente, por exemplo, em artigo na imprensa paulista, o empresário Benjamin Steinbruch, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), criticou a política de juros altos que vem sendo adotada no Brasil e afirma que o País está na contramão do mundo. “O Brasil vem aumentando a taxa básica de juros desde abril do ano passado. Nesse período, a nossa conhecida Selic passou de 7,25% para 11%, nível atual”, criticou.
O objetivo da política – de conter a inflação - era “nobre”, segundo Benjamin. Porém, “para nossa decepção, o efeito esperado dessa política praticamente não se deu. Enquanto isso, o efeito colateral se apresenta em cheio, colaborando para esfriar a economia e colocá-la no caminho da recessão”.
O empresário também alerta para a preocupante situação da indústria e que um ambiente recessivo se espalha praticamente por todas as regiões e todos os setores. No caso do setor automobilístico, por exemplo, o mês de maio registrou queda de produção de 18%, em relação ao mesmo mês do ano passado, trazendo como consequência, diminuição do ritmo de trabalho, interrupção na linhas de montagem e demissões.
Steinbruch comenta que é comum, entre os analistas, apontarem como causa para esse cenário a falta de confiança do setor empresarial. Porém, segundo ele, há outros fatores. “É óbvio que estou falando da falta de crédito e dos juros. Não dá para explicar a ninguém por que, num momento em que tanto os países emergentes quanto os desenvolvidos estão cortando ferozmente os juros, aqui no Brasil continuamos com uma taxa de 11% ao ano”, criticou.
Em conclusão, ele afirma que, a despeito de clima de Copa do Mundo e do momento eleitoral, é necessário ter coragem para afrouxar agora a política monetária. “De qualquer forma, ganhe quem ganhar a eleição presidencial, precisará adotar uma política monetária mais frouxa. Se não fizer isso, na certa enfrentará uma recessão logo no primeiro ano de governo, para decepção de seus eleitores”, afirmou.