Já na contagem regressiva para o início da Copa 2014, o presidente da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), Antonio Gustavo Matos do Vale, garantiu, em atividade no Senado, no dia 14 último, que não haverá problema nos aeroportos brasileiros para receber o volume de passageiros esperado para o campeonato mundial da Fifa. “Posso garantir a todos os senhores que, do ponto de vista operacional, o país está pronto. Se a Copa do Mundo fosse hoje, nós não teríamos nenhum tipo de problema do ponto de vista operacional.”
Por outro lado, na mesma atividade, o ministro da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, Wellington Moreira Franco, afirmou que o monopólio estabelecido pelos militares deformou a prestação do serviço aeroportuário no país em razão do fato de todo monopólio achar, quando presta serviço, que está prestando um favor à população. Ele também disse que aeroporto é, cada vez mais, uma área que deve estar permanentemente em obras, até porque as mudanças ali exigidas são sempre profundas e crescentes. Como exemplo, observou que cresce em média 10% ao ano o número de passageiros nos aeroportos brasileiros.
Outra informação do ministro é a de que, a cada fim de semana prolongado, como o da Páscoa, o Brasil bate recordes no número de passageiros em aviões, o que situa o transporte aéreo como um transporte coletivo altamente utilizado. Ao clamar por uma base de infraestrutura que suporte essa necessidade, Moreira Franco disse que os 120 aeroportos que operam voos regulares no Brasil são poucos para a demanda existente.
Ele acrescentou que, ao assumir seu cargo, não fixou como prioridade a Copa do Mundo, mas a transformação da infraestrutura aeroportuária, a fim de garantir as transformações econômicas de que o país precisa.
Transparência cobrada
Autora do pedido de audiência, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) se disse desconfortável ao ouvir Moreira Franco afirmar que os aeroportos foram modernizados com prioridade nos viajantes brasileiros e não nos eventos da Copa. Em sua opinião, é claro que os aeroportos estão em obras para atender à intensa demanda por serviços aeroportuários, mas são obras impulsionadas sobretudo pela Copa do Mundo. Ela considera essencial que a sociedade receba esse tipo de informação de forma transparente.
A senadora reclamou que, ao atender a demanda por infraestrutura aeroportuária, o Brasil tenha tratado desigualmente as diversas regiões do país. Comparando os aeroportos de Brasília e de Salvador, ela disse que as obras se desenrolaram com uma enorme diferença no ritmo dos trabalhos. De acordo com a senadora, os aeroportos que estão prontos e que estão sendo apresentados na propaganda do governo são exatamente aqueles modernizados em sistema de concessão.