Sábado, 27 Abril 2024

Infelizmente o Brasil não está livre do desenvolvimento predatório à base de violência contra os mais fracos. É o que se vê, em profusão de histórias, no entorno do Complexo Industrial e Portuário de Suape, em Pernambuco, e uma das vitrines do modelo de gestão do governador Eduardo Campos, provável candidato à Presidência da República pelo PSB. O texto abaixo – publicado no jornal O Trecheiro, em 2012 – mostra uma realidade de Suape que não estamos acostumados a ver na imprensa ou nas propagandas oficiais de governos e eleitorais de candidatos. Histórias como essas nunca perdem a atualidade, são sempre atuais.

“Sr. Luís Abílio da Silva, 82 anos e sua esposa dona Maria Luiza da Silva, 92 anos, tiveram a casa derrubada no último dia 22 de maio. Cercado dos filhos e dos 18 netos, Sr. Abílio relembra como tudo aconteceu. “Estava em casa com minha esposa, nora, filhos e netos quando a guarda chegou com o oficial de justiça para nos retirar de lá. Eu estava sentado, fui retirado pelo braço. Minha nora com meu neto de 15 dias, também, foram obrigados a sair. A casa foi derrubada”. A narração do Sr. Abílio mais parece uma história urbana, mas não. Essa história aconteceu no sítio do Engenho de Tiriri, região do Complexo Portuário de Suape, em Pernambuco.

Foto: Joelma do Couto

Alegando desenvolvimento, Governo de Pernambuco passa por cima da história dos moradores próximos a Suape

 A narração do Sr. Abílio mais parece uma história urbana, mas não. Essa história aconteceu no sítio do Engenho de Tiriri, região do Complexo Portuário de Suape, em Pernambuco. Segundo Sr. Abílio, as terras foram requisitadas para dar continuidade às obras da ferrovia transnordestina, ferrovia que liga a região Nordeste ao Porto de Suape. Ele conta que no dia ficou transtornado e a família perambulava, sem rumo, sem destino. Hoje, ele passa o dia sentado embaixo de árvores, andando de um lado para o outro e à noite vai para a casa do irmão, Severino, mas são muitas pessoas para um só lugar. A casa do irmão também será demolida.

Ele conta que ainda não recebeu a indenização, mas tem notícias de que já depositaram 60 mil reais em um banco para pagar a indenização. O problema é que não sabem em qual banco está depositado. Segundo Sr. Abílio, a advogada, Dra.  Conceição Gontijo disse que são 40 mil, mas não informou em qual banco foi depositado.

Na mesma situação está dona Margarida que também foi desalojada e, ainda, não recebeu os R$ 1.800 pela casa. Todos estão com medo do futuro, não querem ir para a cidade, para rua, para a favela. Na mesma situação, estão milhares de famílias que já perderam as terras ou estão para receber a ordem de reintegração de posse. No sítio dos Minervino, Engenho de Algodoais, José Isaías Minervino dos Reis conta que Abílio e seu pai Antônio Minervino dos Reis foram fundadores da cooperativa agrícola de Algodoais na década de 1960. “Eu já era morador daqui mesmo antes de Suape chegar”, lembra Isaías. Afirma, também, que hoje a violência das desocupações é maior que no período da ditadura militar. Isaías divide o sítio herdado do pai com cinco irmãos e irmãs que vivem nas terras e dela tiram o sustento.

São cinco residências construídas no sítio. A administração de Suape ofereceu apenas 10 mil reais por residência, não indenizaram as terras, nem as plantações e as aves. “Dizem que não temos direitos, que somos posseiros”, afirma Isaías. Minervino diz não ser contra o progresso e o desenvolvimento, mas quer receber o valor real do imóvel para que possa continuar vivendo dignamente. O sítio já foi afetado duas vezes pelo complexo de Suape e teve seu tamanho reduzido. Agora a família luta não apenas contra uma redução de espaço, mas contra a perda total do lugar onde nasceram, cresceram e criam os filhos.

Há notícias das “boas intenções” do programa Suape Sustentável que pretende conciliar “crescimento econômico, inclusão social e preservação do meio climático”, mas não foi o que se viu e ouviu de sua população, principalmente, de pessoas e famílias afetadas pelas desapropriações.”

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