Em 13 anos, desde 2000, as exportações mundiais tiveram um salto fenomenal, passando de US$ 6 trilhões para US$ 20 trilhões e a tendência, segundo o professor Mauro Lourenço Dias, professor de pós-graduação em Transportes e Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é que continuem subindo, como consequência da formação de grandes blocos comerciais. “O Brasil também se aproveitou muito desse crescimento. Tanto que nesse período as exportações brasileiras, que eram de US$ 55 bilhões, passaram para US$ 200 bilhões”, observa.
O professor, todavia, avalia que, ainda que seja um resultado significativo – esses números foram impulsionados, principalmente, pela venda de soja e minério para a China e de carne e açúcar para o Oriente Médio –, melhor seria se tivessem sido impulsionados não por commodities, mas por produtos manufaturados de alto valor agregado. E completa: “Esses números só não são mais significativos porque o Mercosul não acompanhou esse crescimento, embora o Brasil tenha acrescentado combustíveis e aço à pauta tradicional, que incluía veículos e máquinas e equipamentos. De fato, o Mercosul, que já representou 17% do valor total do comércio exterior de seus associados, hoje está limitado a 12%.
Dias defende a alteração desse quadro, com o acolhimento das sugestões do Conselho de Comércio Exterior do Mercosul (Mercoex), que reúne entidades representativas do setor privado dos quatro países que constituíram o bloco: Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Cámara de Exportadores de la República Argentina (Cera), Cámara de Importadores del Paraguay (CIP) e Unión de Exportadores del Uruguay (UEU).
Uma das sugestões, informa, é que levantar as barreiras comerciais que ainda permanecem dentro dos parceiros do bloco. “Muitas dessas barreiras nascem de uma visão excessivamente nacionalista dos governos e não refletem o que pensa a parte diretamente interessada, ou seja, o setor privado.”
Outra sugestão do Mercoex é que sejam aceleradas as negociações com a União Europeia para a assinatura de um acordo comercial, o que se persegue há mais de uma década. Além disso, a entidade defende medidas que melhorem a competitividade das empresas que se valem das facilidades que o bloco oferece.
Dias observa que, após 22 anos depois da assinatura do Tratado de Assunção, se o Mercosul ainda não alcançou a integração prevista à época de sua criação, vem desempenhando um papel fundamental, “pois tem constituído uma espécie de “incubadora” para que pequenas e médias empresas tenham a sua primeira experiência em comércio exterior”.
Por último, o Mercoex defende a reintegração do Paraguai de forma plena ao bloco, inclusive assumindo o próximo mandato da presidência da entidade.