Governar é estabelecer prioridades, defende o presidente da Fiorde Logística Internacional, Milton Lourenço, lembrando episódio acontecido há 225 anos. Naquela época, diz, D. Bernardo José Maria de Lorena e Silveira (1756-1818), capitão-general e governador de São Paulo à época colonial, tomou uma atitude que seria fundamental para abrir literalmente o caminho para o desenvolvimento da capitania. “Determinou que toda carga produzida na capitania primeiro teria de passar pelo Porto de Santos”, observa Lourenço, avaliando que tal medida, na historiografia, passaria a ser conhecida impropriamente como “lei do porto único”.
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A ação permitiu, ensina o executivo, que o Porto de Santos passasse a receber mais navios e a fazer o comércio diretamente com Portugal. E a partir daí, as embarcações passaram a vir a Santos porque seus armadores sabiam que não retornariam mais vazias ou com meia carga. “Em pouco tempo, Santos passou a despachar 12 navios por ano”, rememora.
Foto: CDP
Executivo defende Porto de Santarém para ajudar a escoar a produção de
grãos do País, para isso, defende, governo federal deve tomar atitudes
Hoje, as dificuldades para escoar a produção de grãos do Centro-Oeste exigem atitude, defende Lourenço. Por isso, diz que o governo federal precisa urgentemente criar um corredor alternativo de exportação que desafogue os portos de Santos e Paranaguá. “E a opção mais viável é melhorar os caminhos até Santarém, no Pará, asfaltando a BR-163, que ainda é de terra batida na maior parte de sua extensão.”
Embora fique distante da costa, “o Porto de Santarém está localizado à margem do Rio Tapajós e, a partir dali, os navios podem sair carregados seguindo pelo Rio Amazonas até o Oceano Atlântico”. E prossegue na defesa: “Essa viagem economiza 800 quilômetros de estrada em relação a Santos.” É tão compensadora que de janeiro a outubro Santarém recebeu 3,1 milhões de toneladas de grãos, o que equivale a um crescimento de 57% em relação ao mesmo período de 2012, apesar dos percalços da viagem.
Lourenço finaliza, observando que não basta asfaltar a BR-163 porque outros investimentos são necessários como construir hidrovias e desassorear rios. “Seja como for, o País precisa criar alternativas para escoar a sua produção agrícola. Só que não pode fazer tudo de uma vez. É preciso estabelecer prioridades. Lorena, que governou a capitania de São Paulo de 1788 a 1797, sabia muito bem disso. O seu exemplo merece ser lembrado”.