Nova crise a ser administrada pelo governo de Dilma Rousseff. O ministro da Aviação Civil, Wellington Moreira Franco, não só pisou no tomate, mas na feira inteira na última semana. Em evento no dia 1º último, o ministro culpou os engenheiros brasileiros, que para ele são “ruins”, pelo atraso nas obras em seis dos 12 aeroportos nacionais em capitais que receberão a Copa do Mundo. Diz ele que os "projetos que pegamos para executar são muito ruins, e temos refazer todos eles.” E prossegue na crítica: "Temos uma geração inteira de engenheiros nos anos 1970 e 1980 que saíram da faculdade direto para o mercado financeiro, então há uma carência de profissionais experientes e qualificados nessa área. Os jovens não saem bem formados da faculdade e os projetos são muito ruins.”
Foto: Portal Copa2014
Moreira Franco diz que obras atrasadas em aeroportos são culpa dos engenheiros brasileiros que são "ruins"
Franco foi ainda mais indelicado com a categoria ao afirmar que "as empresas têm uma dificuldade muito grande em suprir isso e fazem verdadeiros milagres. Os engenheiros são ruins".
A Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), que representa 18 sindicatos estaduais da categoria, em nota oficial divulgada no sábado (2/11), afirma ser “profundamente lamentável que uma autoridade do governo federal, ao ser cobrada pelas tarefas sob sua alçada, em vez de prestar contas devidamente à sociedade, transfira a responsabilidade a técnicos que definitivamente já demonstraram sua capacidade”. E prossegue: “A engenharia civil brasileira, apesar das duas décadas de estagnação que frearam investimentos e oportunidades de trabalho, tem sido reconhecida no País e no exterior e é considerada do mais alto nível.”
Foto: SEESP
Presidente da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), Murilo Pinheiro, em nota oficial,
contesta declarações do ministro e diz os atrasos são problema de gestão, não de engenharia
Ainda no documento, a federação lembra que alerta há anos que é fundamental ”investimentos em projetos e que esses não sejam contratados simplesmente pelo menor preço, mas levando-se em conta a qualidade e optando-se pela melhor relação custo-benefício aos cofres públicos e à população”. E critica: “Trata-se de problema de gestão, não de engenharia.”
Por fim, a entidade nacional dos engenheiros avisa ao ministro Moreira Franco que mantém acordo de cooperação com o Ministério do Esporte para acompanhamento das obras de infraestrutura previstas para a Copa 2014, e se coloca à disposição também da Secretaria da Aviação Civil para colaborar na avaliação dos projetos dos aeroportos brasileiros. “Certamente, não será por falta de bons engenheiros que o País será penalizado”, finaliza.