Terça, 26 Novembro 2024

O jornalista e professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), Igor Fuser, critica o que ele chama de “elitismo encastelado”, que ficou evidente com o episódio envolvendo diplomatas brasileiros na fuga do senador boliviano Roger Pinto. “Não foram preocupações humanitárias que levaram o encarregado de negócios Eduardo Saboia a trazer ao Brasil um corrupto foragido. Sua intenção – assim como a do embaixador Marcel Biato, que lhe concedeu asilo na embaixada – foi claramente a de causar prejuízos políticos ao governo popular da Bolívia.” 

Para Fuser, o episódio traz à tona a resistência conservadora, disseminada em todos os escalões do Itamaraty, à orientação progressista da política externa a partir da posse de Lula, já que “os diplomatas brasileiros são ligados, pela origem e por múltiplos vínculos familiares e sociais, às classes dominantes do nosso país”.

Foto: http://gaucha.clicrbs.com.br/
Senador Roger Pinto fugiu de condenação em seu país, Bolívia, com ajuda de diplomatas brasileiros

Por isso, descreve ele, no conjunto do serviço público, a carreira diplomática se destaca pelos seus traços elitistas, com regras de acesso formatadas de tal modo que nela só conseguem ingressar integrantes da burguesia e da alta classe média, com raríssimas exceções. “É natural que, na prática profissional, esses indivíduos imprimam a marca dos seus interesses de classe”, observa.

Desafiando o elitismo
Todavia, o professor lembra que o embaixador aposentado Samuel Pinheiro Guimarães, quando exerceu o cargo de secretário-geral do Itamaraty, desafiou o elitismo da "casa". À sua época, tentou aliviar o peso das línguas estrangeiras no processo seletivo e introduzir um programa de leituras com ênfase no pensamento crítico, “mas a proposta naufragou sob os ataques da mídia reacionária e de medalhões da diplomacia”.

Fuser não tem dúvida de que se o governo quiser de fato implementar uma política externa progressista, terá de enfrentar o conservadorismo encastelado no Ministério das Relações Exteriores. E já dá algumas sugestões: “Um ponto de partida pode ser a adoção de uma política de cotas em benefício dos afrodescendentes.”

 

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