Em encontro com empresários franceses, há duas semanas, a presidenta Dilma Rousseff divulgou detalhes dos planos do Governo Federal para expansão da malha ferroviária brasileira. Segundo ela, a partir do eixo longitudinal criado pela Ferrovia Norte-Sul, serão planejados 10 mil quilômetros de rede ferroviária. Com o programa de investimentos em logística, Dilma espera ter criado um modelo “amigável” para atração da iniciativa privada, que tem participação imperscindível para que sejam investidos R$ 91 bilhões no modal ferroviário. Outro objetivo da Presidência é resgatar o transporte de passageiros intermunicipal via trem, que já foi forte no Brasil, mas hoje conta com poucas linhas em operação.
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Para viabilizar esses objetivos, Dilma criou a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), presidida por Bernardo Figueiredo, já que é sabedora da histórica ineficiência do Ministério dos Transportes, hoje um feudo do PR. Até o final do segundo quadrimestre deste ano, a pasta ocupava a última posição entre os 38 ministérios no item evolução da aplicação de verbas em relação a 2011, segundo o próprio Governo Federal.
O modelo que será adotado para estimular o crescimento do setor ferroviário no País será a Parceria Público-Privada. O governo vai contratar a construção, manutenção e a operação das ferrovias. A Valec, empresa pública de ferrovias, vai comprar a capacidade integral do transporte e realizar a oferta pública dessa capacidade, assegurando o direito de passagem dos trens em todas as malhas, buscando a modicidade tarifária. A venda de capacidade será feita a usuários que quiserem transportar carga própria, a operadores ferroviários independentes e a concessionários que podem adquirir parte da capacidade das ferrovias.
Em termos de trem de passageiros, Dilma vem exaltando a ousadia brasileira na construção do trem de alta velocidade (TAV), que ligará São Paulo a Rio de Janeiro. Há planos, também, de ligar grandes centros urbanos, como Brasília e Goiânia, com a construção de trechos ferroviários que serão ligados a estruturas já existentes. Dessa forma, seria possível criar conexões de Brasília até o Rio, por exemplo. A implantação dessas linhas, que hoje parece ser uma realidade muito distante, também garantiria melhor aproveitamento de aeroportos, garantindo aos brasileiros um transporte coletivo mais eficiente. “De sonhar ninguém se cansa”, dizia o poeta Fernando Pessoa.