Os ventos da Operação Porto Seguro, deflagrada pela Polícia Federal, vêm varrendo ampla rede governamental e atingindo corruptos e corruptores, envolvidos em diversos projetos ligados ao Porto de Santos. Entretanto, até agora não se ouviu falar do envolvimento da diretoria da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o Porto no qual estão os terminais objetos das operações criminosas.
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Todos os casos apontados como tráfico de influência e pagamento de propinas dizem respeito a terminais no Porto de Santos. Portanto, esses assuntos também foram tratados pela administração do ex-presidente José Roberto Serra e pelos atuais diretores que participam sempre na celebração desse tipo de contrato.
Em entrevista publicada pela Folha de S. Paulo nesta quinta (29), o auditor e delator de todo o esquema da Operação Porto Seguro, Cyonil Borges, ao ser perguntado se chegou a escrever parecer por encomenda de Paulo Rodrigues Vieira, membro do Conselho de Administração (Consad) da estatal, respondeu: "Ele pediu que eu lesse um parecer do advogado da Codesp. Falei: 'Tá bem escrito'".
Portanto, é provável que os diretores da Codesp tenham muitas coisas para falar. Eles fazem parte do colegiado que aprovou a assinatura dos contratos com os pareceres comprados e que estão nos holofotes do noticiário nacional, jogando a imagem do porto santista na lama. Dessa forma, eles não podem ficar de fora das investigações da Operação Porto Seguro.