Se é uma boa ou não para o País é uma questão, mas o Trem da Alta Velocidade (TAV), mais popularmente conhecido como trem bala, teve um grande mérito: discutir o transporte de gente e de carga por trem. Infelizmente, o trem foi afastado do cotidiano dos brasileiros, pior ainda, por conta da cultura exacerbada do carro, o trem ganhou uma imagem, no País, sempre relacionada ao atraso, ao que não é moderno. Não há explicação para isso, simplesmente a sociedade brasileira pensa assim.
* Segunda parte: Professor da Coppe diz que crítica à demanda por trem bala não se sustenta
Por isso, apesar das paixões suscitadas pelo projeto discutido recentemente no Congresso Nacional, dos contras e dos favoráveis, salutar é que se discuta o trem como um transporte moderno, eficiente, eficaz, não poluente e seguro.
Nesse sentido, interessante o ponto de vista do professor do Programa de Engenharia de Transporte da Coppe-UFRJ, Hostilio Xavier Ratton Neto, publicada em entrevistas, nesta semana, ao Portogente.
O especialista em transporte levanta questões pertinentes, como o tipo de transporte que cada distância pode requeter. Ele diz:
“O trem bala tem como perfil de deslocamento no qual ele se apresenta mais competitivo as distâncias que não seriam cobertas mais convenientemente pelo modo rodoviário e pelo aéreo. Distâncias curtas, com viagens de até duas horas de duração, não são tão inconvenientes para não serem realizadas por carro ou ônibus. Para viagens mais longas, a partir de 900, mil quilômetros de distância, o tempo que os aviões economizam lhes dá grande vantagem, apesar dos inconvenientes de acesso aos aeroportos, cada vez mais distantes dos centros urbanos, e dos procedimentos anteriores ao embarque”.
O professor argumenta ainda:
“Então, distâncias entre 150 km e 1.000 km, teriam no trem bala a conveniência de serem realizadas de cerca de uma hora até quatro, cinco horas de duração entre as pontas de origem e destino finais. Além disso, se poderia ter a complementação dos modos, por exemplo, entre o ferroviário e o aéreo, combinando as ligações locais, integrando os aeroportos mais importantes à rede de trens de alta velocidade. Isso diminuiria sobremaneira o congestionamento aéreo, transferindo para os trens as ligações dos demais centros polarizadores de deslocamento aos aeroportos concentradores, onde essa concentração permite as economias de escala dos operadores aéreos”.