A Usiminas, a exemplo de tantas outras empresas, mostra em campanhas publicitárias estar preocupada com a poluição ambiental. No entanto, os erros do passado ainda causam reflexos no presente e, pelo jeito, ainda no futuro. “Dorme” nas águas do Estuário de Santos, em forma de sedimento, uma substância nociva à saúde humana altamente cancerígena, o benzo(a)pireno, um hidrocarboneto aromático policíclico (PAH) que tem baixa solubilidade em água. O poluente está no processo produtivo do aço. A fonte poluidora do estuário local é a Usiminas, antiga Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), localizada no polo industrial de Cubatão (a 57 km de São Paulo).
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Na última grande análise realizada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), ligada à Secretaria do Meio Ambiente, em 1999 e publicada em 2001, apontava-se que a área mais crítica da Baixada Santista quanto à contaminação dos sedimentos “é a região da bacia de evolução da Cosipa (ponto 5) onde foram encontradas as maiores concentrações de Bifenilas Policloradas (PCBs), Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (PAHs), como por exemplo o benzo(a)pireno (em níveis de extremamente elevados)".
Essa análise detalhada, explica o assessor da diretoria de Tecnologia, Qualidade e Avaliação Ambiental da Cetesb, José Eduardo Bevilacqua, é feita de 10 em 10 anos, conforme padrões internacionais de países desenvolvidos e industrializados. Neste ano, informa Bevilacqua, a companhia ambiental está fazendo novos estudos gerais das condições estuarinas de Santos e São Vicente.
Além das fontes ativas de poluição, como os esgotos domésticos, e as fontes industriais, a Cetesb mantém monitoramento de uma poluição remanescente, um passivo ambiental, que tem a forte presença do benzo(a)pireno da Usiminas.
“O benzo(a)pireno é um poluente que tem uma importância grande em função dos seus impactos e problemas que causa. O sedimento da Baixada Santista tem níveis diferenciados de benzo(a)pireno, que é uma substância que está associada a fontes de poluição histórica”.
No Relatório “Sistema Estuarino de Santos e São Vicente”, de 2001, constatou-se que de fato os níveis de benzo(a)pireno são mais altos conforme se aproxima da Usiminas, e eles diminuem progressivamente conforme se afastam do complexo siderúrgico de Cubatão. “Pode-se dizer que o nível de benzo(a)pireno próximo ao complexo da Usiminas é 10 vezes mais alto do que aquele que é encontrado no trecho do chamado assim baixo estuário”.