Retratada com exclusividade pelo PortoGente, a polêmica que cerca a instalação do Porto Castilla, no norte do Chile, parece ser mais um passo atrás na vida do megaempresário Eike Batista. O pior é que os entraves ambientais e sociais que cercam a obra em muito se parecem com a novela que se tornou o Porto Brasil, projeto portuário mais audacioso de Eike e que não saiu do papel em Peruíbe (SP) justamente por causa de uma série de problemas.
Dois anos e meio depois, parece que a lição não foi aprendida. O triste episódio que deu à cidade paulista uma falsa esperança de progresso e depois conferiu a seus mais de 50 mil habitantes o gosto amargo do fracasso pode se repetir no Chile. O depoimento do diretor da Comunidade Agrícola Totoral, de Copiapó, Henry Saldaño, impressiona pela sinceridade e simplicidade. É igual ao dos que reclamavam do Porto Brasil em 2007 e em 2008. Os problemas são os mesmos. A autossuficiência da empresa também.
Saldaño afirma para o correspondente do PortoGente, no Chile, que o prefeito de Copiapó era contra o projeto. Porém, agora, o próprio prefeito diz que a comunidade é que deve conversar com a empresa. Ele não vai se meter na questão. A EBX quer injetar US$ 72 milhões em Copiapó, uma forma de compensação pelo estrago que pode causar. As duas mil pessoas que moram em áreas próximas ao Porto Castilla não foram ouvidas, assim como os índios da Aldeia Piaçaguera de Peruíbe, que quase foram expulsos de suas casas pela EBX.
Resta saber qual será o desfecho dessa história. Eike Batista prova mais uma vez que vai atrás do que deseja e quer se tornar o maior nome da logística mundial, custe o que custar. A bola está com o governo chileno. Será que ele dará um limite aos sonhos de Eike assim como fez o governo brasileiro ou ignorará os apelos da comunidade local, deixando tudo para trás em nome do desenvolvimento?
Leia também
* Mundo-X
* Agricultores estão preocupados com porto de Eike Batista