No momento em que PortoGente traz uma série sobre os cursos de formação para o trabalhador do Porto de Santos (SP), é importante reproduzir reflexões da socióloga e nossa colunista Carla Diéguez sobre cursos de qualificação para o portuário:
“Eu penso que estes cursos são muito importantes na atual fase, pois ainda temos na linha de frente muitos trabalhadores que entraram no porto antes do processo de modernização e ainda trabalham a partir das práticas antigas, adquiridas no cotidiano da atividade de trabalho, que por tal fato os impede de assumir determinadas atividades que envolvam o conhecimento tecnológico. Entretanto, sei que há um resistência por parte destes trabalhadores, que ainda acreditam que podem aprender através da prática”.
Sobre a crescente modernização das “ferramentas” portuárias, Diéguez observa:
“...O uso extensivo do maquinário faz com que os trabalhadores necessitem de qualificação para a própria sobrevivência, seja por se manterem no mercado seja por caráter de segurança. Afinal, trabalhador qualificado é trabalhador que sabe onde vai o limite entre o homem e a máquina, buscando o exercício da profissão de forma segura”.
A experiência adquirida pelo portuário ao longo dos anos não pode ser desprezada, defende:
“Por último, ressalto que esses cursos são bons pelo fato de não descartarem a experiência adquirida em anos de profissão. Eles não exigem escolaridade (claro que para determinados cursos se exige o mínimo, entretanto este não é critério de seleção), apenas que o aluno seja portuário, ou seja, considera a experiência do trabalho como importante para a própria qualificação”.