Quinta, 08 Mai 2025

O mundo em que vivemos está passando por grande transformação econômica. Neste momento. Devido ao tarifaço de Trump? Não exatamente. Ele foi apenas o estopim da mudança. Em que todos os países acordaram para uma realidade que muda totalmente cenários econômicos traçados ou por traçar.

Se alguém pode chegar ao topo do poder na (até agora) maior potência comercial/militar e disparar ameaças como metralhadora (risíveis, mas com consequências práticas), significa que o chamado sistema de freios e contrapesos que estabilizava o planeta não está funcionando, travará a qualquer instante. Como naquele jogo das cadeiras, perde quem não consegue sentar quando a música para. Ninguém quer ser esse infeliz.

Veja mais: Rumo a uma economia mundial mais equilibrada e mais resiliente - FMI/abril-2025

Então, a grande pergunta é sobre o que fazer. A imprevisibilidade e a volatilidade da situação sugerem cuidado, contenção, freio nas despesas e atenção redobrada às possibilidades que surgirem. Onde quer que seja, da forma que forem. E como surgem as tais oportunidades? Revisar procedimentos é uma dica. Será que as mudanças no mundo alteraram regras que podem influir na contabilização de custos? Compensa manter certas práticas?

Veja mais: Quantos celulares existem no mundo?

O que, talvez até o ano passado, era certo, pode não ser mais. Conceitos arraigados caem assim por terra. Tipo: em 1940, Thomas Watson (então presidente da IBM) disse que o mundo nunca precisaria de mais que cinco supercomputadores. Hoje, estatisticamente podemos afirmar que cada pessoa no planeta possui no bolso “pelo menos” um supercomputador: há mais supercomputadores que gente. Chamam-se “telefones celulares”.

Detalhe: reveja seus conceitos: já tem gente “graúda” repensando o assunto e argumentando que Watson poderia estar certo.

Veja mais: How many computers does the world need? Fewer than you think/De quantos computadores o mundo precisa? Menos do que você pensa

Da mesma forma, há muito mais conceitos sendo revistos no mundo. África é um continente atrasado? Alguns países sim, mas a China já descobriu algo lá, sendo vista como a maior investidora nesse continente. Índia tem encantadores de serpentes? Claro, mas também tem tecnologia nuclear e controla muitas redes mundiais de computação. A portaria remota (ou “inteligente”, ou “virtual”) de seu prédio pode estar sendo telecomandada desde Hyderabad-Bangalore (Índia). Ou Cape City (África do Sul).

Veja mais: Por que os negócios de TI na Índia são tão competitivos?

Bem, o objetivo desta conversa é lembrar que, neste momento de globalização revisada, o que era inviável há pouco pode ter se tornado rentável. É preciso repensar cada uma das certezas que temos. Por exemplo: sobre o futuro da navegação e do porto de Santos.

Se o comércio mundial encolher, supernavios podem ficar antieconômicos, sendo mais vantajoso voltar a operar navios com a capacidade média dos cargueiros comuns de 1980 (quem lembra dos supercargueiros que levaram a U.S.Lines à falência em 1986-1992?). Se novos navios tiverem pilotagem automatizada como os táxis terrestres e aéreos já em testes urbanos, e se ficar mais competitivo que um navio pequeno e ágil entre num porto qualquer em vez de só operar em raros superterminais...

Veja mais: United States Lines - Wikipédia

Santos tinha fama de porto caro, mas compensador pela alta especialização de sua estiva (quem costuma fazer contas sabe que “às vezes, o barato sai muito caro...”). O que define a compra não é só preço, mas a experiência satisfatória do cliente, certo?

Veja mais: Por que a China tem feito tantos negócios na África?

Se Santos conseguir garantir eficiência neste novo mundo, isso será considerado. Se assegurar dados em tempo real detalhados sobre as operações, também. Se conseguir excelência na movimentação de cargas, evitando entraves, e que todas as categorias de trabalhadores, setor público e iniciativa privada se harmonizem neste objetivo, pode oferecer resultados competitivos aos embarcadores e armadores, tornando-se sua primeira escolha.

O Brasil já fez isso muitas vezes, algumas bem inusitadas. Mas também já ignorou lições práticas da História. Agora mesmo, o escândalo do INSS eclipsa fatos importantes:

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Lembrando: o que vale para o Brasil e para Santos também vale para todos os concorrentes. Quem tem Olho Vivo e Faro Fino (Hanna-Barbera, yes...), possui mais chances de vencer. Porém, o país onde esses personagens surgiram desandou, desperdiçando os espaços que criou, abrindo brechas para outros avançarem. O que impede que sejamos os primeiros beneficiados deste novo tempo?

Determinismo atávico, xô.

0101011United States Lines (USL) cresceu tanto que implodiu, no auge dos supernavios
Foto: Wolfgang Fricke/Wikipédia

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*O Dia a Dia é a opinião do Portogente

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