“Cresce de vulto, dia a dia, a necesidade de se dar expansão ao movimento marítimo para a nossa exportação e importação, pelo aproveitamento de uma das maiores maravilhas naturais ao longo das costas brasileiras – o Porto de S. Sebastião”.
“Inúmeros têm sido os pedidos de concessão; sem conta os projetos de estradas de ferro, todos eles visando aquele porto de amplo calado para navios mercantes e de guerra, abrigado pela serra do mar de um lado, e do outro lado pela formosa ilha de São Sebastião”
Um acesso “temporário” ao porto de São Sebastião foi aberto no dia 7/2
Foto: divulgação/Concessionária Tamoios
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O trecho acima abre um artigo publicado pelo deputado Deodato Wertheimer no jornal ‘Correio Paulistano’, em 24 de junho... de 1925!
Na mesma página 3, o texto “Novos portos”, poderia ser publicado hoje: “A crise do porto de Santos, problema cuja solução não será fácil, por depender de causas muito complexas e que não podem ser de pronto removidas sem embargo dos incalculáveis prejuízos causados ao país, está servindo para convencer os paulistas de que é urgente cogitar de novos escoadouros, capazes de corresponder às crescentes exigências da exportação”.
Cita ainda esta nota a afirmação do engenheiro Hildebrando Góes de que “não se trata propriamente de uma crise portuária, mas de uma crise ferroviária”.
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Outra nota, que dias atrás completou seu centenário, também trata da importância de um acesso ferroviário àquele porto: “O governo de São Paulo, para quem estão voltadas todas as esperanças, não olvidará o suntuoso porto de São Sebastião, como único aproveitável e que resolverá a crise de transporte do Estado...”
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Mas houve tempo em que ferrovias nem existiam, viajava-se em caravelas como Américo Vespúcio que, em 20/1/1502, acompanhou o batismo do porto, a bordo da flotilha portuguesa de Gonçalo Coelho, mapeando e descrevendo sua importância para a navegação marítima. A configuração atual do porto começou a surgir em 1935, pensando-se nas exportações cafeeiras. Em 1932, começava a ser construída a Rodovia dos Tamoios.
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Após tantos séculos, o que temos? Porto santista chegando ao limite, mesmo com as expansões todas. São Sebastião, ainda administrado pelo governo paulista.
Como chegar? Pela mesma rodovia dos Tamoios, cuja concessionária anunciou aos quatro ventos, dia 7/2, ter criado um acesso “temporário” àquele porto. E a administração portuária se orgulha de informar que voltou a ocorrer um embarque de café!
2025 (27/setembro) marca o segundo centenário do surgimento das ferrovias públicas no mundo. E o acesso ferroviário ao porto de São Sebastião? “Não há”!
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O que há de novo, então? A promessa do governo federal de, no final deste ano, leiloar esse e outros 34 terminais portuários brasileiros. Surgirá uma Chancay do Leste ou um Resort do Sul?
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