Terça, 03 Dezembro 2024

Do que era a metade Oeste do País resta apenas uma cortina de fumaça escura, enquanto no lugar em que ficava a região Sudeste paira um lençol crescente de poluição

As imagens dos satélites confirmam o que já sabíamos: 60% do território brasileiro já deixaram de ser vistos do espaço sideral. Do que era a metade Oeste do País resta apenas uma cortina de fumaça escura, enquanto no lugar em que ficava a região Sudeste, inclusive todo o estado de São Paulo, paira um lençol crescente de poluição levada pelos ventos continentais. E a situação só piora.

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Encontre a metade oeste do Brasil nesta foto de 16/9/2024
Foto: Divulgação/NOAA Satellites

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Não é o aquecimento global, embora ele tenha sua parcela de responsabilidade, em sua ingênua natureza de reagir automaticamente aos estímulos negativos que os humanos lhe proporcionam. O Hino Nacional perde o sentido: o Sol do Novo Mundo já não ilumina grande parte do território nacional, seus raios de luz passaram de fúlgidos para fugidios, a imagem do Cruzeiro não mais resplandece, os campos têm cada vez menos flores, os bosques não têm mais vida, o brado retumbante agora é para que sejam salvos nossos principais biomas.

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Já tratamos aqui da falta de respostas rápidas às catástrofes nacionais. Mesmo as poucas posições divulgadas pelas autoridades são pífias perante a magnitude das crises. Não é uma chuvinha ou fogueirinha qualquer, o “novo normal” é uma sucessão de destruições sem precedentes na nossa História, talvez na de toda a Humanidade. E embora já esteja verificada a origem criminosa, sequer um ‘terrorista’ (‘apud ‘ministra Marina Silva) foi apontado como um dos mandantes dessas barbaridades - parece até que só se encontra ‘laranjas’ nesses campos (claro que no sentido figurado) e que todos os interrogatórios dos detidos resultam em nada.

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"Siga a pista do dinheiro, veja a quem interessa o crime", apontam os manuais de investigação, mas parece que os que acendem as fogueiras são apenas ingênuos, aparentados dos que optaram pelos atos de 8/1/2023: apenas idealistas lutando pela salvação do Brasil, nada mais que netos dos vândalos de antigamente, que destruíam bancos de praça e outros bens públicos aqui e ali, deixando a conta dos reparos para todos os cidadãos pagarem via impostos. Agora os focos de incêndio seguem um plano mestre, com prazos e metas, sob coordenação nacional e/ou internacional, evidenciada pela simultaneidade do início das séries de incêndios. Para onde apontam todas as setas? “O clima extremo encontrou o crime extremo”, disse ao G1 o secretário executivo do Observatório do Clima, Mário Astrini.

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Costuma-se dizer que, quando não se quer resolver uma questão, cria-se uma comissão para debatê-la. Com muitas verbas, claro. Sem ‘dar nomes aos bois’, a comissão culpará a burocracia, a falta de gente e de tempo, prometendo soluções para que o problema não se repita, medidas que nunca terminam de ser implementadas. As soluções existem, as pessoas sabem como fazer, mas a vontade política de fazer some no meio de tanto palavreado. Que lentamente passa de "formas de prevenção" para "formas de remediar o estrago" - nenhuma delas avançando, apesar do tempo perdido e do dinheiro público gasto.

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Por quê só vemos raras aeronaves apropriadas para apagar os incêndios? Por quê não vem ajuda internacional para minorar um desastre que é planetário? Por quê não há uma estrutura eficiente e bem equipada para chegar aos primeiros focos de fogo momentos depois da ação criminosa? Onde estão sendo empregadas aquelas verbas estrangeiras carimbadas para a preservação dos biomas nacionais? Por quê não há um esquema mais ágil de investigação dos crimes ambientais? Como dizia certo ministro, criemos uma cortina de fumaça para que alguns possam aproveitar e “fazer a boiada passar”?

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Esse quadro sempre valeu para uma série de erros que causam desastres de todos os tipos. Os alertas são dados, mas sempre tem alguém minimizando, profetizando que nada de ruim vai acontecer... até que os erros em série se juntem e desencadeiem a previsível crise.

Foi assim com Vila Socó e o desastre da poluição ambiental em Cubatão. Foi assim com vários incêndios importantes no porto santista. Tem sido assim com o navio-bomba de gás atracado em Santos. Está sendo assim com as necessárias mas desprezadas expansões na infraestrutura deste e de outros portos. Está sendo assim com as queimadas que estão redimensionando para menos a imagem do Brasil.

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Debatendo com tapas, tiros, facadas e cadeiradas, os autoproclamados dignos representantes da Nação vão gerando espetáculos de qualidade cada vez menor, em troca de cliques (a nova moeda proporcionada pelas redes sociais), em nome de um povo que parece já não se importar com o fogo que vai destruindo o pão e o circo-Brasil... É para elegermos gente assim que teremos mais uma rodada de eleições?

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