Diversas entidades, nesta semana, divulgaram uma carta em defesa das ferrovias brasileiras. Segundo elas, há anos se vê no País a “involução” da cena ferroviária nacional. O documento afirma que a “constatação inevitável é a de que sobrou no Brasil um sistema ferroviário mínimo, necessário apenas para não deixar desassistidos os interesses econômicos imediatos das empresas para as quais ele foi passado, e de suas coligadas. Isto foi feito, como sempre, escorado em belos discursos sobre “o interesse nacional”, os “bilhões em investimentos”, a “viabilidade econômica” e a “modernidade”, embora, na realidade tenha muito mais a haver, isto sim, com o desinteresse pelo patrimônio e destino nacionais, com a enrolação de que o que é bom para as grandes empresas é o que é bom para o Brasil, com a cooptação de órgãos públicos e com jogadas milionárias”.
Para as signatárias da carta, a edição da MP 752 em 2016, depois convertida na Lei 13.448/17, é o exemplo acabado disto. E criticam: “Gestada e editada em uma época de notórias MPs e Leis sob encomenda, obtidas sob efeito de trocas, esta Lei é o ápice de uma série de golpes no nosso combalido sistema ferroviário, golpes estes que se iniciam lá na década de 1940, que se intensificam nas décadas de 1960 e 1990 e que se tornam mortais agora na atual década de 2010.”
O documento afirma que a Lei 13.448 “é o golpe de misericórdia em todos os já muito maltratados sonhos de se ter uma ferrovia que atenda ao brasileiro comum e suas cargas”. E reivindicam “uma ferrovia abrangente, integrada, disseminada, acessível a qualquer um, e fazendo a diferença por onde passe. O que estamos assistindo não é nada disto. É a consolidação de um modelo de retalhamento da malha, e a sua manutenção nas mãos que a fizeram encolher de 29.000 quilômetros em 1996, para os 13.000 quilômetros atuais, limitando-a a alguns poucos corredores de exportação”.