Primeiro foi a Libra Terminais, agora é a Rodrimar, ambas operadoras portuárias de contêineres encerram suas atividades no Porto de Santos (SP). São reflexos do porto concorrencial, que estabelece mudança de paradigma na operação e traz ameaça de novos entrantes nesse negócio. Isto aconteceu com a chegada dos terminais da BTP e da Embraport, no mesmo porto.
O contêiner, por sua padronização que lhe atribui características operacionais em escala como da commodity, facilita o controle digital da sua movimentação porta à porta (door-to-door) e favorece a produtividade. Dessa forma, vem aumentando a competição e reduzindo os preços de mercado, forçando muitas empresas a reduzirem seus custos. Para navegar nessa turbulência, algumas das principais linhas marítimas de contêineres do mundo estão se unindo em associação. Daí ter sido lançada na semana passada, em Amsterdam, a DSCA (Digital Shipping Container Association) para impulsionar novos padrões de tecnologia digital e incrementar a eficiência das suas linhas e clientes.
Leia ainda
* Logísticas para bem governar o Brasil
Interessante destacar os fundadores dessa associação aberta para mais participantes no futuro. Depois de obter aprovação regulamentar da Comissão Marítima Federal dos EUA (FMC), recebeu a adesão da MSC, A.P. Moller-Maersk, Hapag-Lloyd e a Ocean Network Express. É também expressiva a afirmação do diretor de comunicação da MSC, André Sinha: “Pela primeira vez em vinte anos, a indústria de transporte de contêineres se uniu a um objetivo comum de levar a indústria para a era digital.” Os portos brasileiros que ainda não conseguiram implantar eficientemente um sistema EDI, sigla em inglês para Troca Eletrônica de Dados, precisam buscar o tempo perdido para evitar o declínio histórico.
Leia também
* Navegação e portos em inovação
Diferente do que há muito vinha sendo o ministério dos Transportes, Portos e Aviação, o ministério da Infraestrutura capitaneado pelo ministro Tarcísio Freitas está transformando água em vinho. Ontem ele destravou um caso desses muito comuns no país do Macunaíma. A concessão do aeroporto do Guarujá que se arrasta inexplicavelmente há mais de trinta anos. Fez trinta anos em três meses. Um aeroporto militar, que já foi utilizado pela aviação civil na década de 70. O Porto de Santos será talvez um dos três no mundo a contar com um aeroporto na sua área organizada. O porto, no entanto, caminha sem rumo e sem apontar horizonte para atingir o padrão dos portos asiáticos.
Leia mais
* Porto de Santos rumo a 2050
Sem sombra de dúvida e a exemplo da DSCA, aos setores organizados cabe um papel atrelado a finalidades maiores que preservem a soberania e o desenvolvimento do comércio marítimo nacional. Federações, Sindicatos, Associações e Partidos Políticos precisam facilitar o entendimento do momento e das ações indispensáveis. Como os modos de intercâmbio e interassociação humana tendem a progredir pela aceleração, isso poderá agilizar a travessia da nossa logística para a Idade Digital. Assim seja.