Segunda, 25 Novembro 2024

De dez produtos ilegais que saem do Paraguai para o Brasil, nove chegam a Foz do Iguaçu através do rio Paraná. Centenas de portos clandestinos são abertos e abandonados em rápidas ações dos contrabandistas na região. A equipe do Fantástico entrou num dos barcos piratas e mostra essa rota do crime.

 

Pequenos barcos que cruzam a fronteira do Paraguai são a principal rota do contrabando de eletrônicos, cigarros, armas e drogas para o Brasil. Com a inauguração da Nova Aduana, em 2006, e o aumento da presença da Polícia Federal na Ponte da Amizade, o transporte ilegal migrou para travessias pelo rio Paraná e pelo lago de itaipu.

 

Veja o site do Fantástico


"Sou de confiança, todo mundo me conhece aqui. Eu passo 40, 50 volumes por dia, a 120 cada volume".


Durante 20 dias, a equipe do Fantástico acompanhou a movimentação dos barcos. Pensando que a reportagem fazia parte de um bando de contrabandistas brasileiros, o chefe de uma das quadrilhas conduziu à periferia de Ciudad del Este, no Paraguai.


Com uma câmera escondida, a equipe fez imagens do local onde as mercadorias são armazenadas. Na beira do rio Paraná, do porto improvisado, é possível enxergar a Ponte da Amizade e o prédio da Receita Federal de Foz do Iguaçu.

 

“Existem 30 portos só e ninguém entra”, afirma o delegado da Receita. “Só no lago já mapeamos mais de 300 e a cada dia fechamos um, só que outros vão surgindo. No rio Paraná não existe a figura do porto clandestino, uma vez que as barrancas são bem íngremes. Mas nós temos vários pontos de passagem que sempre acabam confluindo em alguma favela, algum bairro próximo às margens do rio, que acaba favorecendo a logística deles”, explica o delegado Gilberto Tragancin.

 

A travessia é feita em portos clandestinos. Cerca de dez barcos estão atracados, a espera de mercadorias.

 

A principal ligação clandestina hoje entre o Brasil e o Paraguai é essa viagem de barco. Depende dela o esquema de contrabando que começa em Ciudad del Este.

 

Em pleno centro de Ciudad del Este, um traficante paraguaio oferece cocaína. Sempre com um segurança por perto, ele exibe uma amostra do pó no meio da rua. O traficante diz que policiais paraguaios garantem a tranqüilidade do negócio.


Nos centros comerciais, funcionários de lojas de armas fazem parte do esquema.


Balconista: R$ 100 pra atravessar.

Repórter: Garantido?

Balconista: Sim, 100% seguro. Agora, se comprar, dez minutos eu passo pelo rio, rapidinho.

 

Alguns atravessadores oferecem até notas fiscais clonadas de lojas brasileiras, usadas para esquentar a mercadoria no trajeto entre Foz do Iguaçu e o destino no Brasil. Por R$ 10 a folha, um homem vende notas de lojas de informática.


Contrabandista: Tem Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul. 

Repórter: Tudo clonado?

Contrabandista: É, nós clonamos. É nota quente isso aqui.

Repórter: Essa loja ela existe mesmo?

Contrabandista: Pode consultar o CNPJ. Isso aí é clonado. 

Pelas ruas da cidade paraguaia é fácil encontrar pessoas dispostas a fazer a travessia de mercadorias pelo rio ou pelo lago de Itaipu.


Os produtos embalados no centro ganham notas frias e seguem para a periferia da cidade, onde começa a travessia.

Os contrabandistas aproveitam a escuridão para transportar o material que consideram de maior valor. A travessia é controlada. Olheiros vigiam as estradas e portos clandestinos. Toda comunicação é feita por rádio. 

A reportagem decidiu testar o esquema de entrega pelo rio Paraná. Para isso, comprou uma pistola de brinquedo, com tamanho e peso semelhantes aos de uma verdadeira. Disse ao contrabandista que a arma era de fogo. A idéia era mostrar a facilidade de fazer uma arma ilegal entrar no Brasil.

Fonte: G1 - 22 SET 08

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