As captações no mercado de capitais brasileiro atingiram R$ 633,6 bilhões entre janeiro e outubro de 2024, superando pela primeira vez na história o volume registrado em qualquer ano completo anterior, conforme dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O montante representa um marco para o setor financeiro nacional, ultrapassando o recorde estabelecido em 2021, quando as ofertas somaram R$ 609,9 bilhões ao longo de todo o exercício.
Em outubro do ano passado, o resultado mensal alcançou R$ 90,6 bilhões, sendo o segundo maior da série histórica iniciada em 2012. O desempenho ficou atrás somente de julho do mesmo ano, quando foram captados R$ 98,4 bilhões.
Os resultados demonstram “a maturidade do mercado de capitais, com resultados expressivos em vários produtos, diversificação de ativos e de investidores, além de maior liquidez no mercado secundário”, afirma o presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima, Guilherme Maranhão. Segundo ele, “os instrumentos vêm conseguindo atender empresas de todos os portes e se consolidando como uma fonte alternativa de financiamento importante para o desenvolvimento do país”.
Os números são um atrativo para quem busca razões sobre por que investir. O saldo positivo das captações no mercado de capitais demonstra que a conexão entre empresas que precisam de recursos e investidores que almejam rentabilidade está funcionando.
Debêntures lideram captações para infraestrutura
As emissões de debêntures atingiram R$ 65,7 bilhões somente em outubro passado, o maior volume mensal já registrado. O acumulado de 2024 chegou a R$ 381,4 bilhões, valor que também estabelece novo recorde e já supera todos os anos completos anteriores, de acordo com os dados da Anbima.
A destinação desses recursos revela as prioridades empresariais para fortalecimento competitivo: ano passado, os investimentos em infraestrutura responderam por 25,4% dos recursos captados via debêntures, seguidos por pagamento de dívidas com 24,7% e gestão ordinária com 24,6%. Os fundos de investimento foram os principais subscritores, representando 48,1% do volume total.
Venture capital demonstra recuperação gradual
Paralelamente ao mercado de capitais tradicional, o segmento de venture capital apresenta sinais de recuperação após um período de retração. Dados da consultoria KPMG mostram o aumento no financiamento de venture capital no país. O valor passou de US$ 464 milhões no quarto trimestre de 2024 para US$ 562 milhões no primeiro trimestre de 2025.
“Isso deixa o mercado mais otimista”, observa a líder de Private Enterprise no Brasil e na América do Sul, Carolina de Oliveira, em declaração à imprensa. O movimento representa uma mudança de cenário após as startups brasileiras terem captado US$ 1,46 bilhão entre janeiro e setembro de 2024, crescimento de 9,5% em relação ao mesmo período de 2023, mas ainda distante dos picos observados em 2021.
Diversificação de instrumentos amplia acesso
Outros instrumentos financeiros também registraram desempenho expressivo, demonstrando a diversificação das opções disponíveis para empresários. As notas comerciais totalizaram R$ 37,6 bilhões nos primeiros dez meses de 2024, representando recorde para o período e aumento de 34,9% comparado ao valor captado ao longo de 2023.
Entre os instrumentos de securitização, as emissões de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FDICs) lideraram com R$ 55,6 bilhões de janeiro a outubro, montante 32,7% superior ao contabilizado no ano anterior. Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) atingiram R$ 49,6 bilhões, superando todos os anos completos anteriores.
Para empresários que querem ter acesso a produtos financeiros diferenciados, é importante conhecer a estratégia de relacionamento bancário que pode facilitar negociações de investimentos de maior porte. Nesse sentido, a orientação é buscar informações junto à instituição financeira que vão desde a oferta de produtos até outros detalhes, como vantagens da conta PJ.
Ecossistema tecnológico fortalece posição brasileira
O cenário de investimentos no Brasil ganha destaque internacional, especialmente no setor tecnológico. O cofundador do maior fundo de venture capital da América Latina, Nicolas Szekasy, destacou em entrevista à imprensa que “o Brasil se tornou o ecossistema mais robusto e desenvolvido em tecnologia e empreendedorismo da América Latina. São Paulo é a capital tecnológica da região”.
Segundo informações da plataforma Distrito, as startups brasileiras representaram aproximadamente 61% de todas as rodadas de investimento na América Latina em 2022, totalizando 455 negócios. Especialistas veem nessa concentração um duplo sinal: a maturidade do mercado local e a confiança de investidores internacionais no potencial de crescimento das empresas brasileiras.