Segunda, 05 Mai 2025

A discussão sobre os modelos de financiamento do transporte público urbano tem ganhado destaque nos últimos anos, especialmente diante dos desafios de sustentabilidade financeira enfrentados por sistemas de mobilidade em todo o Brasil.

Nesse contexto, a proposta de remuneração por quilômetro rodado tem emergido como uma alternativa relevante. Em uma recente publicação no LinkedIn, o empresário Jacob Barata Filho destacou a importância desse modelo para garantir a eficiência, previsibilidade e continuidade dos serviços de transporte coletivo.

Com uma trajetória consolidada no setor, Jacob Barata Filho tem se posicionado como uma das vozes mais influentes nos debates sobre mobilidade urbana no país. Seu foco na modernização da gestão do transporte e na valorização de modelos alternativos de remuneração busca responder a um problema que afeta diretamente milhões de usuários: a crise do modelo tarifário baseado unicamente na cobrança ao passageiro.

Críticas ao modelo baseado na tarifa paga pelo usuário

Durante décadas, o transporte público no Brasil se sustentou majoritariamente por meio das tarifas pagas pelos próprios usuários. Esse modelo, porém, tem demonstrado fragilidades, especialmente em momentos de queda de demanda, como foi observado durante a pandemia de Covid-19. Segundo levantamento da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), entre 2020 e 2021, a demanda por transporte coletivo caiu cerca de 50%, comprometendo a viabilidade financeira de inúmeras operações em centros urbanos.

Em sua publicação, Jacob Barata Filho defende a remuneração por quilômetro rodado como uma alternativa ao modelo tradicional. Esse formato garante que as empresas operadoras recebam com base na quantidade de serviço prestado – ou seja, na quilometragem percorrida –, independentemente do número de passageiros transportados. “A mudança de paradigma é necessária para mantermos a regularidade e qualidade do transporte coletivo”, afirma o empresário.

O que é a remuneração por quilômetro rodado?

A remuneração por quilômetro rodado consiste na definição de um valor fixo pago ao operador por cada quilômetro percorrido, considerando variáveis como tipo de veículo, custos operacionais e infraestrutura necessária. Esse modelo tem sido adotado com sucesso em cidades como São Paulo, que desde a reformulação da licitação do transporte urbano, em 2019, passou a adotar esse critério como principal forma de remuneração dos operadores.

Segundo o Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP Brasil), esse tipo de remuneração permite maior previsibilidade orçamentária para o poder público e incentiva a eficiência operacional das empresas. Além disso, facilita a implantação de políticas de tarifa zero ou subsídios parciais, descolando o financiamento do sistema da demanda direta de passageiros.

O papel da gestão pública e a previsibilidade orçamentária

Outro ponto levantado por Jacob Barata Filho é a necessidade de maior protagonismo da gestão pública na estruturação do transporte coletivo. A adoção de modelos como o de quilômetro rodado depende de contratos bem formulados, fiscalização efetiva e planejamento urbano integrado. “A remuneração por quilômetro rodado exige responsabilidade do gestor público, mas é a forma mais racional de garantir continuidade e qualidade”, escreveu.

Estudos do Banco Mundial reforçam essa visão ao apontar que sistemas de transporte bem planejados e com financiamento diversificado tendem a ser mais resilientes e eficientes. A previsibilidade de receitas permite ao operador investir em frota moderna, infraestrutura e tecnologia, contribuindo para um serviço mais confiável.

Desoneração do passageiro e justiça social

A defesa de Jacob Barata Filho pela remuneração por quilômetro rodado também está alinhada com o debate sobre justiça social no transporte. Ao desonerar o usuário como único financiador do sistema, esse modelo abre espaço para tarifas mais acessíveis, gratuidades segmentadas e ampliação da cobertura do serviço para áreas periféricas.

Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022 apontou que o gasto com transporte representa, em média, 18% da renda mensal das famílias brasileiras, sendo um dos principais fatores de exclusão social nas grandes cidades. Nesse sentido, o financiamento público parcial ou integral do transporte coletivo, como ocorre em cidades com tarifa zero, só é viável com modelos de remuneração desvinculados da bilhetagem.

Um modelo em crescimento no Brasil

Nos últimos anos, diversas cidades brasileiras vêm experimentando alternativas ao modelo exclusivamente tarifário. Em São José dos Campos (SP), por exemplo, a implantação do sistema de transporte com tarifa zero foi acompanhada da adoção da remuneração por quilômetro rodado, financiada com recursos do orçamento municipal. Já em Salvador (BA), o edital da nova licitação do BRT também prevê esse modelo como base contratual.

Segundo a NTU, mais de 40 cidades brasileiras já adotam parcial ou totalmente a remuneração por quilômetro rodado em seus contratos. Essa tendência no setor reflete uma mudança na percepção do transporte coletivo como um serviço essencial, com impacto direto na mobilidade, no meio ambiente e na economia urbana.

Contribuições de Jacob Barata Filho para o setor

Além da discussão sobre o modelo de remuneração, Jacob Barata Filho tem contribuído para o avanço do debate sobre a modernização da mobilidade urbana no país. Ele defende o uso de tecnologia embarcada, planejamento com dados em tempo real e integração entre modais como caminhos para um transporte mais eficiente.

Sua atuação em diversos fóruns técnicos e institucionais reforça seu papel como interlocutor relevante entre o setor privado e o poder público. Ao propor soluções baseadas em dados, gestão e sustentabilidade econômica, Jacob Barata Filho se consolida como uma liderança com visão estratégica para os desafios do transporte urbano no Brasil.

Remuneração por km rodado: um caminho viável

A remuneração por quilômetro rodado surge como uma proposta estruturante para enfrentar a crise de financiamento do transporte coletivo brasileiro. Ao dissociar a receita da quantidade de passageiros, o modelo permite maior estabilidade financeira, planejamento e capacidade de expansão do serviço.

A visão de Jacob Barata Filho, conforme apresentada em sua publicação no LinkedIn e corroborada por especialistas e entidades do setor, contribui para ampliar a discussão sobre o futuro da mobilidade urbana no país. O modelo de quilômetro rodado, já implementado com êxito em diversas cidades, mostra-se um caminho possível para garantir um transporte público mais justo, eficiente e sustentável.

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*Todo o conteúdo contido neste artigo é de responsabilidade de seu autor, não passa por filtros e não reflete necessariamente a posição editorial do Portogente.

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