Criada por monges belgas, a bebida é difícil de encontrar, mas todo cervejeiro precisa prová-la pelo menos uma vez na vida
Quem tem gosto refinado e é apreciador de cerveja, provavelmente, já pesquisou sobre qual é considerada a melhor do mundo. Essa resposta é subjetiva, mas um nome, certamente, figura na maior parte das listas que fazem rankings das cervejas mais adoradas em todo o mundo: a Westvleteren 12.
Onde ela é produzida?
A bebida é produzida desde 1839 no mosteiro trapista Abadia Saint-Sixtus, na vila de Westvleteren, na Bélgica, a duas horas de carro de Bruxelas. Os monges, que vivem lá em sistema de clausura e apreciam o silêncio, são referências mundiais na produção de cervejas artesanais e queijos, cuja renda serve para o sustento do local.
Oficialmente, só é possível adquirir essas cervejas em uma loja no próprio mosteiro, mas há épocas em que é preciso reservá-la, pelo menos, 60 dias antes, já que a capacidade de produção não é tão alta — os monges não visam lucro, apenas manter o monastério.
As reservas podem ser feitas por telefone ou on-line, mas é preciso buscar a encomenda pessoalmente na abadia. Os pedidos costumam ser limitados a 24 garrafas por pessoa e há um controle, mais ou menos, rigoroso para tentar impedir o comércio fora do local.
O cliente precisa fazer um cadastro, com todos os seus dados pessoais, e os monges ficam atentos a qualquer informação que gere a suspeita de fraude. A necessidade de retirar as cervejas pessoalmente é mais uma etapa para tentar garantir que ninguém vá agir de má-fé.
Tanta preocupação tem motivo. Em 2008, o mosteiro descobriu que a cerveja estava sendo vendida sem permissão, e por um preço muito maior, por uma rede de supermercados. Os monges não ficaram nada felizes com a notícia.
Também é possível comprar uma garrafa e degustar a cerveja e os queijos em visitas à Abadia, mas depende. O visitante precisa contar com um pouco de sorte na escolha do dia, pois, em alguns, vai encontrar uma placa que diz “Não estamos vendendo cerveja hoje”, o que, geralmente, significa que as garrafas se esgotaram.
Apesar das tentativas do monastério de fazer vendas a preço justo e apenas para consumo próprio, no Brasil, é possível encontrar a Westvleteren 12 na Internet ou em empórios, pagando uma média de R$ 150 por garrafa. A cerveja costuma ser trazida por gente que visita à Abadia e aproveita para lucrar com a oferta limitada.
A Abadia também produz outras duas cervejas que, apesar de não serem tão aclamadas como essa, também costumam ser muito bem avaliadas pela crítica: a Westvleteren 8 (8% de álcool) e a Westvleteren Blonde (5,8% de álcool).
O que é que ela tem de especial?
A dificuldade para conseguir uma garrafa, certamente, tem a ver com a fama, porque gera uma sensação de exclusividade em quem consegue provar. Mas não é só isso. A produção artesanal e limitada, aliada às técnicas modernas de produção, também contribui para que a cerveja tenha, de fato, muita qualidade.
A Westvleteren 12 não tem rótulo e seu selo de autenticidade fica na tampa, onde também constam algumas poucas informações, como o teor alcoólico, que é de 10,2%. Com espuma densa e fina, a cerveja, de coloração marrom escuro, tem um sabor intenso e complexo, que mistura amargor, acidez e doçura, com notas que lembram frutas vermelhas e chocolate belga.
Por esse motivo, quem entende do assunto diz que carnes grelhadas e ensopadas harmonizam muito bem com a bebida. Será que vale a dificuldade? Isso depende do seu paladar, mas, se você se considera um cervejeiro, é indispensável prová-la pelo menos uma vez na vida.