Sexta, 29 Março 2024

Campinas se consolidou como o maior centro de tecnologia do Brasil. Não é a toa que a cidade do interior de São Paulo é conhecida como o “Vale do Silício brasileiro”. O município possui três polos tecnológicos que reúnem fatores importantes para o crescimento como equipamentos de ponta e mão de obra qualificada.

Diferente de outros locais do país, sobram vagas de emprego em Campinas. A cidade concentra cerca de 50 filiais das 500 maiores empresas do mundo e responde por cerca de 10% da produção industrial brasileira. Graças a sua proximidade com a capital paulista, é possível visitar a região utilizando companhias de ônibus, como a Viação Cometa, por exemplo.

Além de Campinas, outras 19 cidades do entorno também aproveitam para colher os frutos que a tecnologia trouxe para a região. Com o terceiro maior centro industrial do país, a região é a sexta mais rica e possui cerca de 30 universidades e 20 institutos de pesquisa e tecnologia.

Como a região de Campinas virou o maior polo tecnológico da América Latina?

Depois de ler os primeiros parágrafos, você deve estar se perguntando: como uma cidade do interior da maior metrópole do país pode se destacar tanto na indústria?

Aqui, vamos contar um pouco de como Campinas conseguiu o título de maior polo tecnológico da América Latina.

Investimentos em educação e tecnologia

Segundo Newton Frateschi, professor do Instituto de Física da Unicamp e diretor da Inova, agência de inovação da universidade, a semente para o crescimento de Campinas foi plantada ainda nos anos 70. Na época, houve uma aproximação entre estatais, o que começou atrair a atenção das indústrias para a região.

Mesmo com esse pontapé inicial, foi na virada do século que tudo começou. Frateschi destaca que os investimentos feitos na Unicamp, no início dos anos 2000, possibilitaram o crescimento tecnológico de Campinas.

Com os aportes, surgiram iniciativas como a Inova, que incentivaram a inovação por meio de pesquisa e criatividade, unindo alunos, pesquisadores e professores. A integração foi um passo importantíssimo para a aparição de novos estabelecimentos na cidade.

Desse processo, surgiram as companhias conhecidas como “filhas da Unicamp”. Muitos ex-alunos e pessoas ligadas a inovação desenvolveram seus negócios dentro da universidade.

Seguindo o exemplo da Unicamp, na mesma época, outras universidades da região, como a PUC de Campinas e a Mackenzie, também desenvolveram projetos focados em inovação. Como incentivo, a prefeitura de Campinas mantém a redução de ISS (Imposto sobre Serviços) em 2% para empresas de base tecnológica.

Foco na qualificação e na geração de empregos

Os investimentos contribuíram para as formações dos polos tecnológicos da região. O foco dos projetos é na educação e na qualificação. Com mão de obra qualificada e bastante demanda, Campinas vai à contramão do cenário de desemprego nacional.

De acordo com um estudo divulgado pela Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate), em 2015, as instituições do setor de tecnologia em Campinas faturaram, em média, R$ 9,1 milhões no ano, empregando mais de 18 mil pessoas. Dados da prefeitura apontam que a cidade possui cerca de 50 mil estabelecimentos.

Como podemos perceber, o sucesso de Campinas é resultado de investimentos de longo prazo em educação e qualificação de mão de obra. Os aportes, que começaram a ser feitos com mais intensidade no início dos anos 2000, estão rendendo ótimos frutos depois de 20 anos.

Segundo uma pesquisa do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) com as indústrias da região de Campinas, 76,9% das empresas preveem uma melhora dos negócios em 2020. Com isso a tendência é que os investimentos voltem a acontecer com mais força na região.

Com os sinais de recuperação econômica, a maior parte das indústrias deve voltar a investir, nos próximos anos, em setores importantes para a economia brasileira.

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