A previsão do que ocorre durante a navegação de um navio e sua interação com os demais, principalmente com outros atracados, é de grande importância para a segurança dessas embarcações. Os efeitos hidrodinâmicos causados pela passagem de uma embarcação em outra ancorada podem induzir forças/momentos hidrodinâmicos significativos, trazendo impactos consideráveis sobre as estruturas de acostagem. Nesse contexto, as forças e movimentos induzidos pela embarcação passante são transmitidos à embarcação ancorada, que por sua vez solicita os cabos e defensas, que devem ser capazes de suportar tais esforços adicionais.
Um modelo numérico foi desenvolvido pelo Tanque de Provas Numérico (TPN) da Universidade de São Paulo (USP), sendo o fenômeno validado por meio de ensaios em tanque de provas no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). O modelo está implementado em um software baseado na teoria de escoamento potencial, capaz de avaliar os efeitos de interação hidrodinâmica entre dois corpos.
No caso do Porto de Santos, no litoral de São Paulo, foram avaliados terminais preliminarmente considerados como críticos, em função da proposta da administração do Porto de receber navios de comprimento da ordem de 366 metros. Incialmente, foi avaliada a acessibilidade desses navios, o que se mostrou viável, com certas condições de segurança. A seguir, foram ensaiados os fenômenos do passing ships em determinados terminais e avaliadas as condições de segurança, principalmente dos cabos de amarração. Como resultado, determinaram-se velocidade de navegação e afastamento das trajetórias dos navios passantes.
Foram observadas que as cargas de ruptura dos cabos de amarração foram ultrapassadas para determinados arranjos. Assim, o passo seguinte foi encontrar um novo arranjo na amarração dos navios, de modo que se garantisse maior segurança, sendo essas propostas de amarração ensaiadas no modelo matemático. A seguir dois vídeos ilustrativos do fenômeno.