Retrato de como a gestão pública é (mal)tratada no Brasil, é impressionante como não há continuidade na presidência da Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ). Desde agosto de 2014 o principal posto da empresa já foi ocupado por diversos profissionais, como o engenheiro Helio Szmajser, Alexandre Porto Gadelha - indicado pelos suspeitos Eduardo Cunha e Leonardo Picciani, ambos do PMDB -, e nesta semana assumiu o acadêmico Tarcísio Tomazini. Perdoem o clichê, mas a CDRJ é uma "Nau Sem Rumo". A administração do Porto vive afundada em mediocridade.
(Des)carga - São tantos absurdos acontecendo no Brasil, e em especial no Rio de Janeiro, que é bem difícil "digerir" as informações. O roubo de cargas no transporte rodoviário passou a ser uma ameaça cotidiana nos últimos anos. Autoridades do setor de segurança pública alegam que essa modalidade de crime tornou-se uma das principais fontes de renda das facções "do terror" que tomam conta do País. Segundo dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), de 2011 a 2016 o número de roubos de carga registrados no Brasil subiu 86%, ultrapassando o número de 22 mil casos por ano - uma espantosa média de 60 roubos a caminhões por dia. O mesmo estudo calcula que os crimes custaram mais de R$ 6 bilhões à economia brasileira.
A caravana (do roubo) não sossega - Além de não requisitar grande investimento, o roubo a caminhões não é considerado prioridade nas ações preventivas de segurança pública. Diante disso, grupos que comercializam drogas percebem no roubo de cargas uma grande possibilidade de obter dinheiro fácil - e com grande margem de lucro. A sofisticação na logística de distribuição das cargas apoderadas é impressionante. Em excelente reportagem publicada pelo site do jornal carioca Extra é possível detectar que o período entre o assalto ao veículo e a venda das mercadorias em trens da malha ferroviária carioca pode ser de somente 120 minutos. Uma produtividade invejável.
Não é comigo - Além da incompetência da segurança pública, o crime organizado se aproveita estendendo as suas atividades com a colaboração de mais dois fatores: o interesse da população em comprar produtos com preço abaixo do praticado no mercado e com a apatia - e a cara de pau - dos representantes da Supervia, empresa que administra a movimentação de trens urbanos de passageiros no Rio de Janeiro. Em resposta ao jornal Extra, a concessionária alega que sua equipe de seguranças “não tem poder de polícia e, por isso, os agentes não podem apreender e nem mesmo atestar a origem dos produtos” comercializados. Dessa forma, a empresa se exime de culpa e colabora para o aumento dos assaltos nas rodovias brasileiras, colocando em risco a vida de muitos motoristas. A Supervia se limita a informar que investe em campanhas de conscientização "com o objetivo de alertar os passageiros sobre a proibição do comércio ilegal".
Aeroimpunidade - Mas a Supervia não é a única concessionária de serviços de transportes no Brasil que se exime de suas responsabilidades. A regra geral corporativa é: "não temos nada a ver com isso". Nos aeroportos acontece situação similar. Afinal, os casos de furtos de pertences pessoais em aeroportos apenas aumenta no Brasil. Panorama similar ao restante do mundo. No entanto, a Infraero - empresa pública - e as concessionárias privadas que administram alguns dos mais modernos aeroportos nacionais lavam os mãos em casos de crimes praticados dentro dos locais pelos quais são responsáveis. A culpa é quase sempre terceirizada para os órgãos públicos. O problema não é recente. Em 2011, o delegado Osvaldo Nico Gonçalves declarou ao Estadão: "Eu prendo furtando no aeroporto e sou obrigado a aplicar fiança. Muitos dizem: venho para cá porque faço 30 furtos, sou preso e vou embora. Na minha terra, ficaria preso". Aproveitadores de todas as espécies circulam pelos aeroportos brasileiros e não são punidos.
Produção gringa - As exportações auxiliaram a sustentar o crescimento da economia brasileira no mês de abril. Diversos setores como a produção de soja, açúcar, petróleo e móveis registraram aumento de vendas ao exterior em relação ao mesmo mês do ano passado. Os dados foram divulgados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) nesta terça-feira (02). O aumento no preço das commodities foi fundamental para o resultado divulgado pelo Ministério. Estados Unidos, México e Argentina estão entre os principais parceiros comerciais.
Chibatadas - De acordo com a legislação que o Congresso Nacional tenta aprovar, os trabalhadores rurais contratados podem receber pagamento por moradia e alimentação - qualidade não está especificada -, ao invés de dinheiro pelos serviços prestados. Os trabalhadores selecionados poderiam se sujeitar a 18 dias consecutivos de atividades, sendo até 12 horas por dia à disposição de seus contratantes. O projeto de lei foi elaborado pelo deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), da bancada ruralista. O texto de Leitão pretende revogar também a Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde (NR-31), de 2005, que, entre outras coisas, assegura proteções legais para trabalhadores que manipulam defensivos agrícolas e garante uma série de normas de segurança aos funcionários que atuam no campo.
Novo horizonte - As principais empresas de navegação no planeta estão investindo em tecnologia para diminuir custos nas operações e alcançar maior competitividade. Nesta semana, por exemplo, a Maersk Line anunciou a primeira viagem do Madrid Maersk, uma embarcação com capacidade de 20,568 TEUs. É o segundo navio Triple-E em operação e fará a rota Ásia-Europa, de acordo com a empresa. A Maersk está investindo em novas embarcações e somente no primeiro trimestre deste ano de 2017 reciclou sete navios Panamax.
Seguindo em frente - Estremeceu o Porto de Montevidéu, no Uruguai, a notícia de que a gigante belga Katoen Natie venderá suas operações no terminal de contêineres Cuenca del Plata. A decisão envolve atividades de outras corporações, mas a Katoen Natie, que tem grande presença no Brasil, promete selecionar um comprador interessado em levar adiante os objetivos econômicos da capital uruguaia.