Ideal para o transporte rápido de mercadorias, especialmente as perecíveis ou de maior valor agregado, o modal aéreo sofre pela falta de condições estruturais e operacionais para decolar no Brasil. “A infraestrutura é bastante deficiente”, resume o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snae), José Márcio Monsão.
A Infraero administra no País 34 Terminais de Logística de Carga - Rede Teca, mas a maior parte da demanda - 79% - se concentra apenas em quatro aeroportos: Guarulhos (32,2%), Viracopos (23,4%), Manaus (15,6%) e Galeão (7,9%). Em todos eles, há pressão por investimentos para atender à demanda crescente. No primeiro trimestre do ano foram transportadas 259.619 toneladas por via aérea e a projeção da Infraero é fechar 2013 com o total de 1,26 milhão de toneladas.
O transporte por via aérea, por seu custo mais elevado, está muito ligado às condições macroeconômicas. Melhorou a economia, cresce a procura pelos aviões para levar mercadorias. Por isso, fatores como a cotação do dólar pesam bastante no desempenho do setor. Dólar baixo significa mais importações. Dólar alto, exportações. O mesmo acontece com as cargas expressas, especialmente as adquiridas via e-commerce e que voam pelos céus do País para chegar ao destino dentro do prazo prometido. No entanto, o presidente do Snae diz que investimentos em infraestrutura podem incrementar o uso do modal independente das condições da economia.
Falta de desenvolvimento
Os aeroportos das capitais gaúcha e paranaense são exemplos de dois terminais com demanda pelo transporte aéreo, mas que não podem se desenvolver por falta de condições operacionais. “Curitiba e Porto Alegre precisariam urgentemente de prolongamento de pista para receber os aviões cargueiros, assim como os dois aeroportos têm problemas com neblina frequente e, pela falta do equipamento ILS, ficam sem operar quando há nevoeiros”, diz José Márcio, ao citar as aeronaves de grande porte e que transportam grande volume de carga (as mercadorias menores também viajam nos compartimentos de carga das linhas regulares de passageiros).
As queixas também se estendem à falta de espaço na pista para manobras e estacionamento das aeronaves. A situação se agrava nos terminais mais movimentados, que, até mesmo por falta de pessoal, demoram a liberar as mercadorias, fazendo com que a principal vantagem do avião, a rapidez, se perca.
Acervo: Portogente