“Botar a carga em um caminhão é muito mais rápido e mais fácil do que realizar o transporte via cabotagem”. A declaração de Waldemar Rocha Junior, presidente da Câmara Interamericana de Associações Nacionais de Agentes Marítimos (Cianam), evidencia a burocracia que atrapalha o desenvolvimento da cabotagem no Brasil. Ele destaca, entretanto, que não há somente um único problema que, caso resolvido, minimizará as dificuldades de realizar o transporte aquaviário interno no País. “Não há um só fator, são fatores combinados”.
Foto: http://thestar.com.myO estudo "Perspectivas do Crescimento de Transporte por Cabotagem no Brasil", feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) em 2005, mostrou que o transporte por cabotagem tinha, na época, condições de aumentar a movimentação em dez vezes no País. A análise também mostra que, em 2004, apenas 10% da carga que poderia ser transportada por cabotagem de fato utilizou esse modal. Atualmente, o modal aquaviário corresponde a 17% da movimentação de cargas no Brasil.
O Projeto de Incentivo à Cabotagem (PIC), apresentado em janeiro último pela Secretaria de Portos (SEP), traz avanços significativos para o setor, mas também precisa encontrar soluções para antigos problemas enfrentados pelas empresas privadas que já fazem esse tipo de transporte. Um grupo de trabalho foi criado dentro da Casa Civil para tentar resolver essas questões.
As polêmicas envolvendo a instalação do estaleiro da OSX em Santa Catarina e da Promar Ceará no Nordeste do Brasil mostram, sobretudo, que a indústria naval tupiniquim está definitivamente reativada. Depois de décadas de amargura e de esquecimento, o dinheiro volta a jorrar no setor e os projetos acumulam-se sobre as mesas das autoridades. Por isso mesmo, o cuidado deve ser redobrado neste momento.
A costa brasileira possui 7.367 quilômetros, dos quais mais de quatro mil são navegáveis. Apesar do imenso potencial hidroviário, o Brasil ainda tem como matriz o transporte rodoviário, que carrega 71% das cargas. Enquanto isso, o governo tenta estimular as modalidades de transporte hidroviário, entre elas a cabotagem, tipo de navegação entre os portos marítimos ou entre um porto marítimo e um fluvial, dentro do território de um mesmo País.