O governo apresentou, no início da noite desta quarta-feira (25/2), uma proposta de acordo ao movimento de caminhoneiros que bloqueia as rodovias de diversos estados brasileiros. Com a condição de que os bloqueios sejam suspensos, o governo promete sancionar a Lei dos Caminhoneiros, a prorrogação por 12 meses do pagamento de caminhões por meio do Programa Procaminhoneiro e a negociação conjunta entre caminhoneiros e empresários para que seja estabelecida uma tabela referencial de frete.
De acordo com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, essa discussão poderá ser feita por meio da instalação imediata de uma mesa de negociação permanente para discutir a tabala do frete e outros assuntos. Ainda segundo ele, a Petrobras informou que durante os próximos seis meses não haverá reajuste do diesel, segundo os referenciais e indicadores da estatal.
“Estamos informando [o movimento sobre a proposta], divulgando, vamos aguardar essas manifestações, a suspensão do movimento. Estamos confiantes, pela qualidade e pelo esforço do governo, numa resposta positiva”, avaliou Rossetto. O ministro acredita que, após as diversas reuniões desta quarta-feira (25), foi possível compor uma proposta que reflete “grande parte” das expectativas dos caminhoneiros. “Estamos seguros de que [a proposta] tem base forte positiva para que possamos sair dessa situação que estamos vivendo, recuperar o ambiente de normalidade e preservarmos toda uma agenda”.
Como exemplo, Rossetto citou as Lei dos Caminhoneiros, que altera a regulamentação da profissão e foi aprovada há duas semanas pelo Congresso, que vai beneficiar os caminhoneiros e vai ser sancionada integralmente por Dilma. “Um dos temas importantes que está na lei é que os caminhões que trafegam vazios, estarão suspensos do pagamento de pedágio por eixo suspenso”. No entanto, o ministro afirmou que essa e as demais propostas, serão mantidas “desde que haja a suspensão das manifestações”.
BR-060, que liga Brasília a Goiânia
Manifestação dos caminhoneiros paraliza rodovias em dez estadosValter Campanato/Agência Brasil
A principal queixa dos manifestantes são os recentes aumentos dos combustíveis, em especial do óleo diesel, mais usado em veículos de transporte de cargas. O aumento de R$ 0,15 por litro do diesel e de R$ 0,22 por litro da gasolina, fixado no início do ano para garantir o aumento do superávit primário do governo, foi repassado ao consumidor em 1º de fevereiro. As manifestações, que ontem (24) tiveram reflexo em mais de dez estados, já provocam desabastecimento, especialmente de combustível, em algumas cidades.
“Nossa expectativa é [uma resposta] no prazo mais curto possível. Interessa aos caminhoneiros, à sociedade, ao país uma retomada imediata da normalidade das atividades”, defendeu Rossetto. O ministro concedeu uma entrevista rápida à imprensa no início da noite no Palácio do Planalto, justificando estar em contato permanente com os representantes do movimento. Antes do anúncio, ele já havia comunicado algumas lideranças e governos estaduais sobre a proposta.
De acordo com o chefe de gabinete da Secretaria-Geral, Robinson Almeida, o representante do Comando Nacional do Transporte, Ivan Luiz Schimidt, será recebido ainda hoje por algum representante do governo. Ele não participou da primeira reunião do governo com o setor e por isso não pôde comparecer nas negociações da tarde com os empresários. Mais cedo, ele defendeu a redução do preço do diesel até que seja definido um valor de frete mínimo. Informação e foto da Agência Brasil