Especialistas dos setores de petróleo e compliance se reuniram durante o Oil, Gas & Compliance Forum, realizado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), em 29 de novembro último. Na ocasião, eles discutiram a importância da cooperação para o desenvolvimento da integridade corporativa. À abertura, Milton Costa Filho, secretário geral do instituto, destacou a necessidade do tema ser incorporado à cultura diária da indústria: "O compliance será um dos pilares do IBP em 2018, que se destaca por ser um ano eleitoral. A Rio Oil & Gas do próximo ano, por exemplo, será realizada uma semana antes do primeiro turno das eleições, e teremos a oportunidade de marcarmos a posição da indústria de petróleo com relação aos mais diversos temas."
Para Carlo Pereira, secretário-executivo da Rede Brasil do Pacto Global da Organização das Nações UNidas (ONU), essa é a primeira vez que tanto a sociedade quanto os setores público e privado têm um objetivo comum, que é a Agenda 2030 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). "Os ODS já são uma realidade e a expectativa de todos é que haja uma contribuição com avanço significativo. Para isso, é preciso que a estruturação da agenda de compliance tenha um olhar para fora da empresa e busque influenciar", disse.
Já Adriano Bastos, presidente da BP Brasil, palestrante do primeiro painel do fórum, reforçou que tudo começa com o indivíduo – ainda que o tema seja permanente em todas as reuniões dos Conselhos de Administração das empresas, com metas. "Compliance é tudo aquilo que a gente faz todo dia, começa com segurança e passa por responsabilidade social - não está ligado apenas a finanças. O papel das empresas é gerar lucro, mas dentro da lei", afirmou.
Principais lacunas
Ao falar sobre os desafios do compliance no setor, Caio Magri, presidente do Instituto Ethos, apresentou as demandas que, segundo sua visão, precisam ser endereçadas mais urgentemente pela indústria. São elas: regulamentação do lobby no Brasil; maior transparência dos beneficiários finais das empresas; estabelecer relações público-privadas ancoradas em integridade e transparência; e compras públicas mais transparentes.
Para ele, é preciso uma articulação setorial que paute os riscos e as medidas necessárias para superá-los de forma coletiva e construtiva a ser declarada para a sociedade. "Há a necessidade de um conjunto de compromissos assumido publicamente, que, a partir daquele momento, todas as empresas passarão a se comportar dessa forma com relação aos riscos e às medidas."