Santa Catarina vive uma eterna e cada vez mais acentuada escassez de milho para alimentar suas vastas cadeias produtivas da suinocultura e avicultura industrial. Enquanto isso, o Paraguai tem o milho mais próximo e barato que existe no mercado. Para acessar esse grão e desenvolver todas as cadeias produtivas do agronegócio catarinense é necessário acelerar o Plano de Desenvolvimento e Integração Fronteiriço do Estado de Santa Catarina (PEDIF) que vem sendo implementado nos últimos quatro anos pelo Governo do Estado.
Esse plano foi elaborado por cerca de 300 representantes de 60 instituições dos setores público e privado, é coordenado pela Secretaria de Estado do Planejamento e conta com o apoio do Sebrae/SC. A integração fronteiriça permitirá melhorar a logística com soluções integradas, aperfeiçoar a defesa sanitária animal e vegetal, aumentar a escala, a eficiência e a competitividade para conquistar e manter mercados globais.
Uma das primeiras soluções que a integração fronteiriça buscará é o suprimento de milho. Todos os anos, a agroindústria catarinense precisa importar entre 3 milhões e 3,5 milhões de toneladas de grãos porque a produção interna catarinense é insuficiente. O Estado é o oitavo produtor e o segundo maior consumidor. O milho disponível está em média a 2.000 quilômetros de distância, no centro-oeste brasileiro. Entretanto, se as ações de integração fronteiriça forem implementadas, esse insumo pode ser obtido no Paraguai, país que faz divisa com o território catarinense.
O Paraguai possui 11 portos fluviais no rio Paraná. A província de Misiones (Argentina) estrutura um porto na capital provincial Posadas e uma ponte em Eldorado na divisa Argentina/Paraguai. Com essa conexão construída, o milho do Paraguai estará a apenas 130 quilômetros da fronteira com Santa Catarina pelo trajeto Paraguai/Rio Paraná/Eldorado até Dionísio Cerqueira (SC) ou Paraíso (SC). Da fronteira até o maior polo da agroindústria (Chapecó) a distância é de apenas 190 quilômetros.
Para o milho paraguaio chegar regularmente ao grande oeste catarinense é necessário a supressão de vários gargalos que, atualmente, dificultam a logística de transporte de cereais e ameaçam a viabilidade dos negócios na região. Por isso, o Núcleo Estadual de Integração da Faixa de Fronteira propôs a instalação de Aduana e toda a infraestrutura alfandegária para liberação da ponte sobre o rio Peperi-guaçu em Paraíso (SC) ao comércio internacional Brasil/Argentina. Do lado argentino já foi instalada infraestrutura. Outra reivindicação é a construção da nova ponte, já autorizada pelo Decreto federal 8699/2016.