Terça, 23 Abril 2024

O fim do ano se aproxima e as expectativas são para que em 2017 a economia retorne a apresentar índices positivos. Nesta entrevista, o diretor de Assuntos Econômicos e Tributários da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC), Dalvair Anghében, avalia o cenário econômico e político. De acordo com ele, o quadro econômico do País voltará a estabilidade de forma gradativa.

Anghében é natural de São Lourenço do Oeste/SC, graduado em Ciências Contábeis pela Unochapecó e pós-graduado em Planejamento Tributário pela Universidade Federal de Santa Catarina. Casado, pai de duas filhas, exerceu diversas atividades na vida comunitária, associativista e empresarial: foi conselheiro do Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina (CRC/SC); presidente da Associação do Conservatório de Artes Musicais (ACAM) de Chapecó; membro da Associação de Pais e Professores do Colégio Zélia Scharf e foi presidente do Sindicato dos Contabilistas de Chapecó (Sindicont). É sócio da empresa Escrita Contabilidade e Assessoria, em 2013 foi eleito presidente do Conselho Fiscal da Fundeste – mantenedora da Unochapecó – para o mandato de 2014 a 2017 e, na mesma data, assumiu como Conselheiro do Conselho Superior da Fundeste para o mandato de 2014 a 2015.

Estamos vivendo um dos piores cenários de que trata a ciência econômica: o País está em recessão e, mesmo assim, a inflação não cessa. Como foi possível chegarmos a essa situação?
Dalvair Anghében - A inflação é a perda do valor da moeda, resultante de um aumento nos preços. O governo, de uma certa forma, é o grande culpado por esse quadro: segurou os preços dos itens básicos (energia, combustíveis etc.) que são grandes formadores de custos na cadeia produtiva, mas não tínhamos lastro para bancar essas benesses. Agora os preços destes serviços e produtos estão se ajustando aos patamares históricos e isso está sendo muito pesado aos salários que estão estagnados em algumas categorias e aos custos de produção que já estavam altos e a cada dia ficam mais elevados.

Aproxima-se o fim de 2016 e, apesar de previsões em contrário, a crise não está recuando como se esperava. Na sua avaliação, como será esse fim de ano para a indústria, o comércio e o setor de serviços?
Anghében - A indefinição política também ajudou para o quadro atual. Aliado a isso, a falta de investimentos estrangeiros segurou a economia como um todo. Tradicionalmente a indústria produz para atender a demanda, no final do ano temos férias muitas vezes coletivas e isso ajuda a elevar os custos que já estamos sentindo; no comércio, haverá um aquecimento nas vendas, com a injeção na economia do 13º salário a ser pago aos trabalhadores uma parcela agora em novembro e outra em dezembro, mas não podemos esperar um índice de anos anteriores; já o setor de serviços é o que apresenta o melhor cenário atual e para o futuro, porém, o índice de desempregados será relevante também para esse setor.

É possível traçar um quadro da economia brasileira para 2017? Será o ano da retomada do crescimento, como preveem alguns economistas?
Anghében - Sim, mas muito lentamente. O mercado está receoso, mas acredito na redução da inflação que permitirá uma leve redução das taxas de juros, melhora na balança comercial, nova etapa de investimentos, recuperação do poder de compra das famílias. Com isso teremos a retomada do crédito.

O dinamismo e a pujança da agricultura e do agronegócio amenizaram os efeitos da crise em Chapecó e em Santa Catarina. Esse setor continuará sendo a locomotiva da economia em 2017?
Anghében - Está “bem” porque há uma demanda nesse setor, principalmente no mercado externo, e a taxa cambial lhe é favorável, mas a falta de infraestrutura já esta ocasionando um incremento nos custos, que irá deixar este mix de produtos mais caro para o mercado externo.

Na matriz da crise está, entre outros fatores, o descontrole das contas públicas. O senhor acredita que o governo cortará gastos e reduzirá o tamanho da máquina administrativa no próximo ano?
Anghében - O loteamento dos cargos públicos é muito intenso e é uma das mazelas da falta da reforma política. Portanto, essa atitude seria inédita em nosso País. O governo não tem o olho que o empresário tem, a atitude a ser tomada e geralmente a mais fácil é aumentar os impostos ao invés de cortar gastos. A sociedade deve estar atenta a isso e exigir uma gestão pública mais eficiente e transparente.

Depois de décadas falando em reformas que nunca prosperaram, o Congresso prepara para votar duas reformas duras – porém necessárias – a trabalhista e a da previdência. O senhor acha que elas avançarão desta vez?
Anghében - Muito timidamente. A legislação trabalhista é um remendo só e já estamos muito atrasados nesta reforma, as relações de trabalho estão ultrapassadas, a nossa CLT é de 1943 e de lá para cá houve muitos avanços nas necessidades tanto do trabalhador como do empregador e, para assegurar estes “direitos”, temos um mecanismo muito caro que é a Justiça do Trabalho, com vários tribunais que oneram ainda mais o já famigerado orçamento público; atrelado a essa reforma está a previdenciária, que a cada ano tem menos caixa para cumprir com os compromissos assegurados por lei. É um conjunto de reformas que não pode ser analisado segregadamente, mas é urgente sob pena de um colapso, principalmente na previdência.

Nessa mesma linha, é possível acreditar em uma reforma tributária?
Anghében - Essa é mais complexa, pois mexe com toda a estrutura arrecadatória da União, Estados e Municípios. Nenhum desses poderes quer abrir mão de arrecadar. Penso que aos municípios deveria ficar uma fatia maior deste bolo arrecadado, porque é ali que as necessidades são mais sentidas no dia a dia. Mas tem que haver uma reforma e urgente, unificação de impostos. Acabar com a guerra fiscal entre os estados é apenas umas das necessidades.

Quais os desafios que enfrentará Chapecó, que completa seu centenário em 2017? Vamos continuar liderando o desenvolvimento regional e atraindo investimentos?
Anghében - Chapecó é um polo regional e sempre será a referência aos demais municípios, mas não podemos pensar de forma isolada. Ao fortalecer a região todos sairemos ganhando. Mais uma vez menciono a infraestrutura (aeroporto, rodovias e ferrovias), precisamos de mais investimentos nessas áreas e também passa por uma maior representação política no estado. O restante está indo bem.

Quais as prioridades que a futura administração municipal para o quadriênio 1917-1920 deve perseguir com tenacidade e perseverança?
Anghében - Gasto público é o que tem pesado nos municípios de médio porte, que é o nosso caso. Gerindo bem os recursos disponíveis, sobrará para investimentos. A triologia “saúde, segurança e educação” é sempre o mote das campanhas eleitorais, logo é nessas áreas que temos que investir e a nós, cidadãos, saber cobrar.

Porque, em sua opinião, o empresário continua relutante em participar do processo político?
Anghében - Acredito que seja pela desvalorização que a figura do “político” tem perante a sociedade. A cada notícia de escândalo ligado à corrupção (principalmente) de uma maneira geral afeta a classe política, logo a sociedade liga isso a todos os políticos, causando assim um desprestígio e isso poderá refletir o “negócio empresarial”. Quem sabe com uma reforma política não seja mais interessante a participação da sociedade como um todo.

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