Sexta, 29 Novembro 2024

O Brasil sofre relevante queda de seis posições no ranking que avalia a competitividade de 138 países, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC). O País perdeu 33 posições nos últimos quatro anos e chega este ano à 81a colocação, revelando sinais claros de forte crise econômica e declínio da produtividade. O resultado disso é uma menor sofisticação dos negócios e baixo grau de inovação e um distanciamento significativo dos demais países do grupo dos BRICs e do G20. O Brasil perde espaço internacional e agrava inúmeros indicadores de competitividade.

Esta posição coloca o país abaixo de alguns de seus principais concorrentes e aponta para um agravamento da desaceleração do crescimento e da produtividade, indicando uma recessão de 4,5% do PIB para 2016.

Suíça, Singapura e Estados Unidos ficaram, respectivamente, no primeiro, segundo e terceiro lugar, repetindo o mesmo ranking do ano passado.
Uma das explicações para o baixo desempenho brasileiro é, segundo Carlos Arruda, professor da FDC e coordenador da pesquisa no Brasil, além do cenário de desaceleração da economia mundial que oferece forte resistência desde a crise de 2008, é "a polarização política pós-crise e a perda de produtividade global". "Há também um destaque para o fim do ciclo da produtividade baseado na microeletrônica e na automação, o que chama a atenção para a emergência de um novo paradigma tecnológico caracterizado pelo crescimento exponencial da digitalização: a denominada Industria 4.0 ou Smart Industry", pontua o coordenador do Núcleo de Inovação da FDC.

Apesar da queda brasileira no ranking, a pesquisa de competitividade aponta oportunidades promissoras para o país, com destaque para: a maior inserção internacional; espaço para o investimento privado; a internacionalização das empresas brasileiras; nova pauta de inovação tecnológica; e simplificação e modernização dos marcos regulatórios.

Segundo Carlos Arruda, a pesquisa revela a falta de clareza sobre o momento atual do Brasil e para onde o país pretende ir. "Sem orientações definidas, sem uma perspectiva do que fazer e dentro de um processo de isolamento, são impossíveis soluções de curto prazo, quiçá de médio e longo prazos". No entanto, o pesquisador salienta que, "apesar das baixas taxas de investimento e instabilidade econômica, as instituições e a sociedade começam a dar sinais de recuperação". Para ele, o desenvolvimento da competitividade brasileira só será possível a partir da incorporação de tecnologias, amadurecimento das empresas e empresários, aumento da produtividade e ganhos de comércio internacional, via uma agenda clara e transparente.

Relatório Global de Competitividade
O Fórum Econômico Mundial define competitividade como o conjunto de instituições, políticas e fatores que determinam o nível de produtividade de um país. As notas e os rankings são calculados a partir de dados estatísticos e de pesquisa de opinião realizada com executivos dos 138 países participantes. Cento e dezoito variáveis são analisadas e agrupadas em 12 categorias: instituições; infraestrutura; ambiente macroeconômico; saúde e educação primária; educação superior e treinamento; eficiência do mercado de bens; eficiência do mercado de trabalho; desenvolvimento do mercado financeiro; prontidão tecnológica; tamanho de mercado; sofisticação empresarial; e inovação.

Para coletar os dados de maneira eficiente, o Fórum Econômico Mundial conta com o apoio de uma rede de mais de 160 instituições parceiras. No Brasil, a FDC é responsável pela organização de dados estatísticos e pela pesquisa de opinião realizada junto à comunidade empresarial. Este ano foram coletadas respostas de 128 executivos no período entre março e maio de 2016.

 

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