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Há 162 anos, em 30 de abril de 1854, era inaugurada a primeira linha ferroviária do Brasil. A Estrada de Ferro de Petrópolis, como era denominada, tinha 14km de extensão e foi construída por Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá. O que se verifica, desde então, é que a malha ferroviária no Brasil não parece ter evoluído na abrangência proporcionalmente a sua idade. O presidente da Frente Nacional pela Volta das Ferrovias (Ferrofrente), José Manoel Ferreira Gonçalves, afirma que 80% do transporte de carga no Brasil é feito por caminhões.
“Falta competitividade às ferrovias. Os preços das tarifas são abusivos em função das distancias percorridas por caminhões, que ainda trazem prejuízo ambiental pela emissão de poluentes por combustível”, diz Gonçalves, que cita carência também no transporte ferroviário de passageiros. “Temos muito pouco metrô na capital de São Paulo. O VLT [Veículo Leve sobre Trilhos] na Baixada Santista (SP) anda em passo de tartaruga, não vai atingir a população mais pobre e deveria alcançar outras cidades da região, além de São Vicente e Santos.”
Para o presidente da Ferrofrente, o abandono no transporte sobre trilhos não é de hoje e os desdobramentos para a categoria dos ferroviários e para a população são inegáveis. “São Paulo cresceu sobre trilhos e o Estado os abandonou. As ferrovias de São Paulo, financiadas pelo dinheiro originário da exportação do café, que eram reunidas na Fepasa, não foram modernizadas e começaram a dar prejuízo. Em 1998, o governador Mário Covas entregou a Fepasa para a Rede Ferroviária Federal. Depois, Fernando Henrique, na presidência da República, praticamente extinguiu a rede federal e fez privatizações que não dão contrapartida. O resultado são empresas concessionárias que demitem funcionários e fecham oficinas de reparo e ramais ferroviários importantes."
Exemplo citado por José Manoel é o grupo Cosan, de exportação de açúcar no Porto de Santos, que, por meio da empresa Rumo, associada à América Latina Logística (ALL), quer ampliar o tempo de concessão de uso do terminal portuário. “Esse tipo de coisa não pode ocorrer sem que, no Brasil.se estabeleça critérios claros de contrapartida."