Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
O Complexo Industrial Suape destacou-se, em 2015, como líder na movimentação de granéis líquidos (óleo diesel, gasolina, querosene de aviação, óleo bruto de petróleo etc) em comparação aos 37 portos públicos do País, ficando à frente do Porto de Santos (SP). Em entrevista ao Portogente, o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco e presidente do complexo industrial, Thiago Norões [foto abaixo], afirma que “Suape recebeu um volume de investimentos muito importante nos últimos 15 anos, que provocou um crescimento acelerado no complexo e na região do porto” e procura consolidar uma política de responsabilidade social numa parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Portogente - Em 2015, o Complexo Industrial Suape liderou a movimentação de granéis líquidos, em comparação aos 37 portos públicos do país, ficando à frente do Porto de Santos. Quais as possibilidades de Suape manter essa liderança em 2016? Há previsão de elevar ainda mais essa movimentação?
Thiago Norões - Os granéis líquidos continuam sendo a nossa expertise e hoje já podemos dizer que somos candidato natural a bub port (porto concentrador) de combustíveis para o Nordeste do país. Em 2015, o Porto de Suape duplicou a movimentação dos produtos (óleo diesel, gasolina, querosene de aviação, óleo bruto de petróleo etc), com 14,24 milhões de toneladas de cargas movimentadas, 54% a mais que em 2014, quando movimentou 9,2 milhões de toneladas. Hoje, a capacidade de produção de barris por dia da Refinaria Abreu e Lima (RNEST) é de 100 mil barris de petróleo. A previsão é que a capacidade diária de produção chegue aos 230 mil barris/dia até 2019. E é justamente a operação exitosa da RNEST que temos como aposta para nos manter neste ano como um hub port de granéis líquidos da região. A perspectiva é da movimentação da economia, que trará a consolidação dos portos, ou seja, o crescimento de Suape continuará bastante acelerado.
Portogente - O Porto tem planos de modernização, expansão e criação de novos postos de trabalho?
Norões - Temos cinco grandes projetos sob o comando da Secretaria Especial de Portos, que estão aguardando processo de licitação: o Terminal de Contêineres (Tecon II) terá uma área de 33 hectares destinada à movimentação e armazenagem de contêineres; a ampliação do Pátio de Veículos resultará na movimentação de 250 mil carros por ano; o Terminal de Grãos, com capacidade estimada de movimentação de 5,2 milhões de toneladas ao ano; além de dois Terminais de Granéis Minerais, que irão movimentar 12,7 milhões de toneladas por ano. Os investimentos nestes projetos, todos selecionados no Plano de Investimento em Logística, do Governo Federal, estão orçados em R$ 2,1 bilhões.
A refinaria que fica no território de Suape terá sua construção retomada no segundo semestre deste ano e temos projetos em gestação, como das termelétricas. O nível de emprego deve voltar a aumentar muito na área de construção civil, que é o que mobiliza um grande contingente.
Portogente - O projeto 'Pacto por Suape Sustentável', criado em 2011, prevê o desenvolvimento de planos para as áreas cultural, social, ambiental e educacional da população da região de Suape. Recentemente foi firmado convênio entre o governo do Estado, a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das Relações Exteriores e a Unesco para capacitação de consultores nas áreas do projeto. Quais os recursos envolvidos nessa parceria?
Norões - As empresas que fazem grandes investimentos na região de Suape, muitas vezes têm obrigação de aplicar uma contrapartida em trabalhos sociais e não sabiam como aplicar esse dinheiro. Da mesma forma, são pagos recursos de compensação ambiental que o governo não tem como aplicar diretamente por não ter estrutura para isso. Na busca de soluções para essa problema optamos pelo acordo de cooperação com a Unesco.
O projeto terá investimento de R$ 1,28 milhão e duração de 24 meses. As ações iniciarão no Parque Armando Holanda Cavalcanti, que é uma área carente de incremento ambiental e social, e depois ganham abrangência por todo o território do Complexo, beneficiando os municípios do Cabo de Santo Agostinho e de Ipojuca. A Unesco já está atuando em Suape junto com técnicos da área.
Portogente - Essa parceria prevê a sistematização de estudos de vulnerabilidade social, a elaboração de um plano para solucionar as fragilidades ambientais. Em que etapas o projeto se divide?
Norões - Três ações estratégicas serão prioritárias no Pacto por Suape. A sistematização dos estudos de vulnerabilidade e necessidades ambientais, sociais, educacionais, culturais e legais da região que abrange Suape; a elaboração de plano de ação estratégico com projeto para solucionar possíveis fragilidades ambientais, sociais, educacionais e culturais; e capacitar e sensibilizar equipes técnicas de Suape e dos municípios do Cabo de Santo Agostinho e de Ipojuca, além de comunidades locais e empresas. Nesse quesito, serão oferecidos cursos de economia solidária, economia criativa, responsabilidade social, além da promoção de projetos voltados às áreas ambientais, sociais, educacionais e culturais.
Portogente - Suape está elaborando seu Código de Ética. De que forma isso pode sistematizar as relações entre empresários, trabalhadores e todos que atuam no porto?
Norões - O documento não é um instrumento correcional, mas de caráter educativo, que serve para estimular a ética nas relações internas e externas. O código é uma âncora moral, a fim de que possamos exercitar o autocontrole como passo prévio ao desenvolvimento da consciência moral. Para a missão, serão convidados colaboradores de diversas áreas da Empresa Suape, que irão construir em artigos os princípios, valores e normas éticas que devem guiar a conduta do funcionário. Esse é um momento especial também para deixar diante dos recordes de movimentação de Suape um legado para as futuras gerações no campo da ética. A intenção é lançar o documento em seis meses.
